O Instituto Homem Pantaneiro (IHP) desenvolve, desde 2016, o projeto “Felinos Pantaneiros” em uma região da Serra do Amolar, no Pantanal de Mato Grosso do Sul. O principal objetivo do projeto é a realização de ações que diminuam o conflito provocado pelo ataque de onças-pintadas ao gado. O g1 visitou o projeto de perto e apresenta as ações desenvolvidas no bioma.
![Projeto é realizado na Rede de Proteção e Conservação da Serra do Amolar. — Foto: Divulgação/GM](https://s2.glbimg.com/r1cPAvybfha9pl1Jz1ASldSMmYM=/0x0:1920x1028/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2022/0/M/uLEyA1RhOFietDxWkbGw/dji-0371-1-.jpg)
Projeto é realizado na Rede de Proteção e Conservação da Serra do Amolar. — Foto: Divulgação/GM
A fazenda BrPec, localizada na região de Miranda, é outro local onde o projeto atua. Segundo o coordenador do Felinos Pantaneiros, Diego Viana, antes da presença do projeto na propriedade eram registrados anualmente cerca de 930 ataques de onças-pintadas aos bovinos. Após as ações, este número caiu para 220, o que representa uma diminuição de 76,35%.
“O projeto surgiu dessa demanda das pessoas. Dá para ajudar com a ciência, a gente levou essa informação para a fazenda, para as comunidades, gerando essa coexistência humano-fauna. Dá para coexistir, nós classificamos tipos de interações. Como o ser humano interage com a onça-pintada, interage com todos os animais e, consequentemente, classificamos como interações positivas ou negativas. O que nós buscamos é esse meio termo entre as interações”, explica Diego.
Áreas de atuação
O projeto Felinos Pantaneiros tem quatro principais áreas de atuação:
- Coexistência humano-fauna;
- Ecologia;
- Educação ambiental;
- Saúde única.
Para proporcionar a coexistência entre seres humanos e animais, o projeto realiza ações em fazendas, comunidades ribeirinhas e na cidade de Corumbá.
![Diego acompanhando pegadas de onças-pintadas. — Foto: Divulgação/GM](https://s2.glbimg.com/OeGWoSTKTfuJZ-PpIzcYSBudWU8=/0x0:1920x1171/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2022/i/5/htSB8ERY6brYKxDPhgBQ/vag-1912.jpg)
Diego acompanhando pegadas de onças-pintadas. — Foto: Divulgação/GM
Além da frente de atuação em coexistência humano-fauna, o projeto faz o monitoramento de onças-pintadas por meio de câmeras, colocadas em pontos estratégicos, assim como através de colares com GPS e com busca ativa. “Vamos atrás dos animais para entender onde eles estão e como eles ocupam”, pontua o coordenador.
A educação ambiental ocorre em escolas e propriedades rurais, comunidades ribeirinhas e com a população de Corumbá. De acordo com o IHP, cerca de 6 mil pessoas já foram contempladas com as atividades.
![Entre as ações do projeto está palestra educativa. — Foto: Divulgação/GM](https://s2.glbimg.com/14TutObpuLO43NFI8KBnudGilOQ=/0x0:1920x1049/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2022/J/B/WiAVB6SW2pDaRBTxHvNg/vag-1138.jpg)
Entre as ações do projeto está palestra educativa. — Foto: Divulgação/GM
O projeto ainda estuda amostras de onças-pintadas, de animais domésticos e ligação com a saúde humana e ambiental.
Produção e conservação em sintonia
A interação entre a produção de alimentos e a conservação do meio ambiente também é um dos pilares do projeto.
“Pecuária e agricultura combinam com conservação? Sim, combina. Dá para fazer, o Brasil é um exemplo mundial disso. Com tecnologia, conhecimento e vontade você pode produzir e conservar ao mesmo tempo. A gente precisa produzir alimento e conservar a vida silvestre”, ressalta Diego.
![Mecanismos já reduziram em mais de 75% o ataque de onças a bovinos. — Foto: Divulgação/IHP](https://s2.glbimg.com/hKBPHAFKLeCIq6puYPmEQERwrpI=/0x0:1920x1117/1008x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2022/d/B/lMrA1GRQuo0ONkLAUgUA/9.jpg)
Mecanismos já reduziram em mais de 75% o ataque de onças a bovinos. — Foto: Divulgação/IHP
Para isso, o Felinos Pantaneiros utiliza mecanismos como repelentes luminosos e cercas elétricas personalizadas para afastar animais do local de criação de gado e presença de cães, por exemplo.
“Antes o comum era, ‘atacou o meu cachorro, vou retaliar, vou atrás dessa onça e atacar essa onça’. Hoje eles ligam para a gente e a gente coloca os repelentes luminosos”, diz o coordenador e médico veterinário.
![À esquerda, repelente luminoso, e à direita, câmera de monitoramento. — Foto: Divulgação/IHP](https://s2.glbimg.com/Cs9sUo5sZ-OWKN9vJMqcb1oQ-5Q=/0x0:1600x928/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2022/A/y/LQA9thR6WZdcvgW2FwOg/whatsapp-image-2022-06-29-at-15.54.35.jpg)
À esquerda, repelente luminoso, e à direita, câmera de monitoramento. — Foto: Divulgação/IHP
O repelente luminoso é um aparelho que funciona durante a noite. “Tem uma placa solar com leds, que piscam em cores e frequências diferentes. A onça, quando ela vê esse aparelho com luz piscando, não é algo habitual para ela. O que não é habitual ela tende a evitar, então esse resultado tem sido muito positivo nas áreas em que a gente coloca”, destaca Diego.
“Em uma área de pecuária onde nós testamos durante dois meses e meio não houveram ataques na área que a gente usou”, completa o médico veterinário.
![Onças pode ser localizadas por meio de colar com GPS. — Foto: Divulgação/GM](https://s2.glbimg.com/O4LrcVGvBIIdkVt2Jejlt0YMFiI=/0x0:1920x1440/1008x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2022/j/X/oYLsloQuSrU9eGwx2Z3g/p1101021.png)
Onças pode ser localizadas por meio de colar com GPS. — Foto: Divulgação/GM
Já a cerca elétrica é personalizada e montada com o objetivo de manter as onças afastadas dos locais de criação de gado, sem ferir o felino. “Uma cerca com três fios, dois fios eletrificados e um no meio não eletrificado. Hoje já evoluímos para um quarto fio também. A cerca elétrica utilizada para conter o gado é diferente com a tensão, o choque diferente e também altura diferente. O que a gente recomenda é implementar um layout que seja apropriado para defender”, explica Diego.
“Nós temos a voltagem e a amperagem. A amperagem seria responsável por ficar grudado, que é o que tem na rede elétrica normal de casa. A amperagem da cerca elétrica que é utilizada na fazenda é 100 vezes menor do que o preconizado como seguro para instalações de cerca elétrica domiciliar”, completa o coordenador do projeto.
![Entre os apoiadores do projeto está a General Motors. — Foto: Divulgação/GM](https://s2.glbimg.com/uZ-jTmrxlEvIwqIxjCGja0X4P10=/0x0:1920x1250/1008x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2022/9/d/TFmz6tSHCUIvlFRc5llQ/dji-0362.jpg)
Entre os apoiadores do projeto está a General Motors. — Foto: Divulgação/GM
Apoio
Desde março de 2022, o Felinos Pantaneiros conta com a parceria da montadora General Motors (GM). O apoio se deu por meio de uma contribuição de R$ 150 mil e doação de um veículo.
“Nós fizemos um aporte financeiro para o projeto Felinos Pantaneiros e também cedemos ao IHP uma chevrolet S10Z71, que é um veículo com tração integral e que permite acessar os locais mais difíceis do Pantanal e da Serra do Amolar, então com isso nós estamos aí viabilizando não só a manutenção, como a expansão desse trabalho que o IHP está fazendo para proteger a onça-pintada, que é símbolo do nosso Brasil”, explica o diretor de comunicação da GM para a América do Sul, Nelson Silveira.
O dinheiro será utilizado para ampliar as ações realizadas pelo projeto, como as de educação ambiental e compra de equipamentos como os repelentes luminosos.
“O apoio da GM vem em um momento importante para que a gente possa comprar mais desses equipamentos”, ressalta Diego.
![Caminhonete é utilizada no dia a dia do projeto. — Foto: Divulgação/GM](https://s2.glbimg.com/6FPvOl9eHShcsqfxMRMze5DfhB0=/0x0:1920x1067/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2022/k/d/GSwB0JRpOHCBP62QrDSg/p1101182.jpg)
Caminhonete é utilizada no dia a dia do projeto. — Foto: Divulgação/GM