23 de abril de 2024

Ossada do menino é identificada 30 anos após o desaparecimento

Trinta anos após o desaparecimento de Leandro Bossi, em Guaratuba, no litoral do Paraná, o governo do estado afirmou, nesta sexta-feira (10), que uma ossada analisada corresponde com o material genético do menino.

Conforme o perito responsável pela análise, foi comprovada 99,9% de compatibilidade da amostra analisada com o material coletado da mãe de Leandro.

Leandro desapareceu em 15 de fevereiro de 1992, quando tinha sete anos. O desaparecimento aconteceu dois meses antes de Evandro Ramos Caetano, na época com seis anos, sumir. No caso de Bossi, o inquérito policial nunca foi concluído.

A confirmação da ossada foi informada em coletiva pelo secretário de Segurança Pública, Wagner Mesquita, com participação de representantes da Polícia Científica, Polícia Federal e Serviço de Investigação de Crianças Desaparecidas (Sicride).

O secretário não detalhou que ossada foi usada no processo, quando foi analisada, nem quando houve a confirmação do material genético. Também não foram reveladas informações sobre causa da morte de Leandro, nem de possíveis responsáveis pelo crime.

Ao g1, o Governo do Paraná disse que “os fragmentos analisados estavam no IML”.

Segundo Mesquita, a confirmação ocorreu com base em oito amostras analisadas, comparadas com base em materiais genéticos de três mães. “Este resultado de hoje trará algum impacto para investigação do homicídio. Agora vamos ter que analisar o inquérito”, disse o secretário.

Ainda de acordo com o Mesquita, entre os próximos prováveis passos após este anúncio, está o envio do laudo pericial pela Polícia Federal, em Brasília. Com base neste documento, o Serviço de Investigação de Crianças Desaparecidas (Sicride) será possível fazer o relatório final da investigação do desaparecimento da criança.

 

“As circunstâncias da morte são objeto de investigação de um inquérito policial que está arquivado há décadas. Nos próximos momentos a Polícia Civil poderá solicitar copia do inquérito e verificar como essas provas poderão impactar em uma nova investigação”.

“A metodologia que submetemos não obteve DNA viável, perfil genético viável, das amostras que foram pesquisadas. A seguir foram encaminhadas para a análise de DNA mitocondrial, uma técnica muito mais sensível, que permite a detecção mesmo em amostras muito limitantes e degradadas, como se trata do caso em questão”, explicou o coordenador do Laboratório de Genética Molecular Forense da Polícia Científica, Marcelo Malaghini.

 

A chefe do Sicride, delegada Patrícia Nobre, disse que a família de Leandro foi informada da confirmação do material genético antes do aviso público desta sexta (10).

“Eles se comportaram de maneira emocionada, como não poderia deixar de ser. Era uma família que esperava uma resposta do estado […] em um primeiro momento ficaram agradecidos por terem uma resposta mesmo 30 anos depois”, disse a delegada.

A delegada também afirmou que, com a confirmação da identidade de Leandro, o número de crianças desaparecidas no Paraná desceu para 26, que continuam sob investigação.

Desaparecimento

 

Leandro Bossi desapareceu duas semanas antes de completar oito anos. Foi visto pela última vez em um show do cantor Moraes Moreira, na praia de Guaratuba.

Na época do desaparecimento, a mãe trabalhava em um hotel da cidade e o pai, João Bossi, era pescador. Os dois estavam trabalhando no momento do desaparecimento.

Cartaz divulgado pela Polícia Civil à época do desaparecimento de Leandro Bossi — Foto: Polícia Civil/ divulgação

Cartaz divulgado pela Polícia Civil à época do desaparecimento de Leandro Bossi — Foto: Polícia Civil/ divulgação

Quando percebeu o sumiço da criança, a família informou à polícia local, mas não foram achados vestígios. Quatro anos depois, o pai de Leandro reconheceu um menino encontrado em Manaus e afirmou se tratar de do menino.

A criança chegou a ficar mais de duas semanas morando com a família, em Guaratuba, mas um exame de DNA deu negativo. Depois disso, os pais de Leandro nunca mais tiveram notícias do paradeiro do filho.

 

Investigação

 

Em 2020, o Ministério Público do Paraná (MP-PR) afirmou que o processo sobre Leandro “foi arquivado devido à prescrição, pois o fato ocorreu em 1992 – há mais de 20 anos, portanto, prazo máximo prescricional previsto pela lei. Ou seja, mesmo que surgissem novas provas incriminadoras, o caso não pode ser mais reaberto”.

A declaração consta em áudios divulgados pelo podcast Projeto Humanos, onde o jornalista Ivan Mizanzuk detalhou uma longa investigação sobre o caso de Evandro Caetano, que se misturou ao caso de Leandro.

Cena da série documental 'Caso Evandro', do Globoplay. — Foto: Reprodução/Globoplay

Cena da série documental ‘Caso Evandro’, do Globoplay. — Foto: Reprodução/Globoplay

Em uma série sobre o caso produzida pelo GloboPlay e inspirada no podcast de Mizanzuk, o delegado Luiz Carlos de Oliveira, que investigou o desaparecimento de Leandro Bossi, apontava várias falhas no procedimento.

Segundo ele, quando entrou para investigar este caso, não poderia deixar de investigar também o caso Evandro, porque eram dois meninos desaparecidos, com características semelhantes.

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