ContilNet Notícias

Paleontólogo afirma que fóssil encontrado por ribeirinho no Acre pode ser de um mastodonte

Por TIÃO MAIA, PARA CONTILNET

Jonas Filho. Foto: cedida

O material fossilizado encontrado por um ribeirinho que vive às margens do rio Macauã, em Sena Madureira, pode ser a mandíbula de um mastodonte, animal que habitava a região onde hoje se localiza o Acre, no Sul da Amazônia, na época em que a região era uma espécie de savana.

Era o período de tempo geológico conhecido como Pleistoceno ou Plistoceno, que está entre 2,588 milhões e 11,7 mil anos, abrangendo o período recente no mundo de glaciações repetidas.

Esta é a opinião do professor doutor aposentado Jonas Filho, ex-reitor da Universidade Federal do Acre (Ufac) e ex-chefe do Departamento de Paleontologia da instituição, ao receber as fotos sobre o achado.

Foto: Aldejane Pinto

Mesmo aposentado, o professor defende que o objeto encontrado pelo ribeirinho seja imediatamente levado ao Departamento de Paleontologia da Ufac para ser juntado às outras peças ali existente para pesquisas posteriores.

Saiba mais: No interior do Acre, ribeirinho encontra restos conservados de animal gigante no Rio Macauã

“Esse achado não tem valor monetário nenhum. Só científico. Por isso, ele precisa ser levado para o local onde esse material é cuidado e pesquisado”, disse Jonas Filho.

Jonas Filho. Foto: Cedida

“É interessante a pesquisa porque aparentemente é um a arcada dentária de um Mastodonte, mas pode ser de outra espécie ou de uma subespécie de Mastodonte, já que há ocorrência de sua existência na região”, acrescentou o professor.

Os Mastodontes, de acordo com os pesquisadores, eram animais conhecidos como proboscídeos pré-históricos da família mammutidae, membros do gênero mammut, distantemente relacionados com os elefantes, que habitavam a América do Norte e central do mioceno até a sua extinção, no final do pleistoceno, entre 10 mil e 11 mil anos atrás.

Os mastodontes viviam em manadas e eram predominantemente animais de floresta, e possuíam um comportamento de forrageamento semelhante aos do elefantes atuais.
Os animais desapareceram logo após a chamada Era do Gelo, período que não atingiu a região onde hoje é Amazônia mas cujas consequências chegaram até aqui, afirma Jonas Filho.

“Eles são anteriores aos Purussauros, os jacarés gigantes cujos fósseis nos encontramos na Amazônia”, disse. Purussauro faz referência ao local do primeiro encontro dos fósseis desses animais, às margens do rio Purus, no Acre.

Os Mastodontes fizeram parte de uma extinção em massa que afetou a maioria dos animais da megafauna do Pleistoceno, amplamente acreditado por estar relacionada com a caça excessiva por parte dos humanos primitivos, e possivelmente também devido as mudanças climáticas. O Pleistoceno sucede o Plioceno e precede o Holoceno, ambos de seu período.

O último máximo glacial foi há cerca de 20 000 anos, quando as folhas criaram gelo em grande espessura e a falta de alimentação para esses animais causou declínio global do nível do mar de cerca de 120 metros, com resfriamento gradual, quando a vida desses animais, nessas condições, se extinguiu.

Foto: reprodução

Jonas Filho defende que a região da Amazônia onde se localiza o Acre, naquele período, era o lar de muitos Mastodontes. “Há ocorrências de fósseis desses animais que sugerem isso. Espero que as instituições de pesquisa dêem, como sei que a Ufac vai fazer, boa destinação ao que foi encontrado”, afirmou o cientista.

Sair da versão mobile