A Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou, nesta sexta-feira, que está encerrada a emergência declarada para a Covid-19 há mais de três anos, um marco no surgimento intermitente de uma pandemia que matou milhões de pessoas em todo o mundo e mudou a vida cotidiana em condições antes inimagináveis.
— Com grande esperança, declaro a Covid-19 encerrada como uma emergência de saúde global — disse o diretor-geral da OMS, Dr. Tedros Adhanom Ghebreyesus.
🚨 BREAKING 🚨
"Yesterday, the Emergency Committee met for the 15th time and recommended to me that I declare an end to the public health emergency of international concern. I have accepted that advice"-@DrTedros #COVID19 pic.twitter.com/esKKKOb1TZ
— World Health Organization (WHO) (@WHO) May 5, 2023
Muitos países já encerraram seus estados de emergência por Covid e se afastaram de quase todas as restrições de saúde pública implementadas para controlar o vírus. Os Estados Unidos suspenderão sua emergência da Covid em 11 de maio. O vírus continuará a ter status de pandemia de acordo com a OMS, assim como o HIV.
A mudança da designação da OMS, no entanto, oficialmente chamada de “emergência de saúde pública de interesse internacional”, é um momento significativo na evolução do relacionamento humano com o novo coronavírus.
K. Srinath Reddy, que liderou a Fundação de Saúde Pública da Índia durante a pandemia, disse que a decisão de suspender a emergência foi apropriada, devido aos altos níveis globais de imunidade à Covid, induzida por vacinação ou infecção, ou ambas.
“Já não possui o mesmo nível de perigo”, disse, acrescentando que a Covid “atingiu um nível de equilíbrio, um certo tipo de coexistência com o hospedeiro humano”. Reddy disse que o fim do estado de emergência também deve ser apreciado como um momento de conquista humana e uma “celebração da ciência”.
— É importante reconhecer que o que fez o vírus mudar de caráter não foi apenas a biologia evolutiva — disse ele — mas também o fato de que o induzimos a se tornar menos virulento, por vacinação, por máscaras, por uma série de medidas sanitárias.
Números alarmantes
Globalmente, houve 765.222.932 casos confirmados de Covid, incluindo 6.921.614 mortes, relatadas à OMS em 3 de maio. Mas esses números são uma grande subestimação do verdadeiro número da pandemia. Pesquisadores independentes estimaram que a contagem real de mortes do vírus é muitas vezes maior.
E a Covid continua a se espalhar: a OMS registrou 2,8 milhões de novos casos globalmente e mais de 17 mil mortes, de 3 a 30 de abril, os números mais recentes disponíveis. Como muitos países reduziram seus testes para Covid, esses números provavelmente também representam uma subcontagem significativa.
Coronavírus: um adversário imprevisível
A declaração de emergência da OMS foi uma orientação crucial quando foi feita em 30 de janeiro de 2020, quando apenas 213 pessoas morreram do vírus. Sinalizou ao mundo que esse novo vírus representava uma ameaça fora da China, onde surgiu, e deu aos países um apoio crítico para impor medidas de saúde pública potencialmente impopulares ou perturbadoras.
O vírus que invadiu os humanos no final de 2019 provou ser um adversário imprevisível, sofrendo mutações de forma rápida e significativa de maneiras que permitiram que ressurgisse e devastasse países quando eles pensavam que o pior já havia passado. Uma onda brutal da variante Delta devastou a Índia apenas algumas semanas depois que o primeiro-ministro Narendra Modi se gabou de como o país havia se saído bem em sua resposta à Covid.
A variante Omicron, embora menos virulenta, se espalhou com uma facilidade enganosa que a tornou a quarta principal causa de morte nos Estados Unidos em 2022 e uma das principais causas de morte em muitos outros países.
Vacinações em larga escala
As primeiras vacinações em larga escala começaram em 8 de dezembro de 2020, menos de um ano após o primeiro caso da doença ter sido relatado à OMS, um extraordinário triunfo da ciência. Mas o processo colaborativo de desenvolvimento de vacinas foi seguido por um período sombrio de acumulação e nacionalismo; um ano depois, quando as pessoas nos países industrializados recebiam a segunda e a terceira doses da vacina, apenas 5% das pessoas na África subsaariana haviam sido vacinadas.