Às vésperas do Dia do Orgulho LGBTQIAPN+, a Miss Acre Trans 2023, Allana Rodrigues Costa, foi aclamada em noite emocionante na capital acreana, o evento aconteceu no Afa Jardim.
Coordenada pela competente Meyre Manaus, Allana será a representante do Acre no concurso nacional, o Miss Internacional Queen Brasil 2023. A coordenadora do concurso reuniu seletos convidados, amigos e familiares da miss, além de influenciadores e imprensa para o marcante momento.
Após a sua aclamação marcante, a coluna Douglas Richer, do portal ContilNet Notícias, que participou do evento, procurou a nova miss na manhã desta quarta-feira (28), dia em que se comemora o Orgulho LGBTQIAPN+ e bateu um papo com ela.
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Moradora do bairro Belo Jardim em Rio Branco, a cabeleireira e manicure de 29 anos abriu o jogo e fez revelações exclusivas para este colunista. Confira na íntegra a entrevista:
Douglas Richer: Allana, como surgiu a ideia de participar do Miss Trans Acre?
Allana Rodrigues: “Desde muito nova, tive a vontade de ser Miss. No ano de 2014, antes de iniciar minha transição eu pude participar do Miss Cidadania Gay Porto Velho, no qual fui a vencedora e, no mesmo ano, participei do Miss Rondônia Gay e fiquei em segundo lugar. Ser Miss era um sonho que eu tinha adormecido e esperei o momento certo para acordá-lo”.
“Surgiu a oportunidade, fiz minha inscrição quando abriu as vagas para o concurso Miss Internacional Queen Brasil e fiquei esperando e, em fevereiro, não lembro o dia certo, o pessoal da coordenação do concurso nacional me ligou dizendo que eu havia sido selecionada para representar o estado do Acre, e eu fiquei muito feliz em poder seguir esse sonho”.
Douglas Richer: Hoje, a Allana , acreana, moradora do Belo Jardim, enfrenta muitos preconceitos?
Allana Rodrigues: “A falta de compreensão e respeito é uma jornada complexa e muita das vezes dolorosa, isso é marcado pela realidade de muitas mulheres Trans/Travesti, que enfrentam preconceito e discriminação. Mesmo com a profissão que tenho, que é cabeleireira e maquiadora, existe a falta de respeito por ser quem eu sou hoje, em ser a mulher que eu me tornei. Vale ressaltar a importância das mulheres Trans no Brasil, mesmo com todas as dificuldades que enfrentamos diariamente”.
“Se eu falar que não sofro preconceito estaria mentindo, porquê sofro sim, constantemente. Lutamos diariamente por respeito, dignidade, espaço e reconhecimento como cidadã. Luto por mim e por várias outras que vieram antes de mim e já se foram”.
Douglas Richer: O Miss Acre Trans é um divisor de águas na sua vida?
Allana Rodrigues:“Sim, pois, serei porta-voz de muitas vozes que não estão presentes em cargos públicos, municipais e estaduais. As mulheres Trans no Brasil levam com elas um selo que não necessita ser delas, somos marginalizadas por apenas sermos únicas e exclusivas. Sigo como uma mulher que representa não só os fatores genéticos, mas porque sou plural e inovadora para minha comunidade e para os dias de hoje”.
Douglas Richer: Sobre a sua transição? Me explica como aconteceu o processo.
Allana Rodrigues:“Meu processo foi muito difícil, passei por duas aceitações. A primeira com 17 anos, quando assumi ser gay para minha família e para mim; e a segunda foi com a minha transição, com 22 anos. Eu me aceitar ser a mulher que sou hoje, foi muito difícil, pois tinha muito medo do que eu poderia enfrentar. Fui agraciada em receber o apoio da minha família, que sempre esteve ao meu lado, segurando minha mão e me levando sempre pra cima para que eu pudesse enfrentar todas as dificuldades. Sabemos que o apoio da família para uma mulher Trans no Brasil é quase sempre negado, meninas são expulsas de casa por simplesmente serem elas e o único meio que elas encontram de sobrevivência é a vida de garota de programa”.
“Precisamos de conscientização, precisamos de empatia, para que futuras meninas possam receber amor, carinho e afeto de suas famílias e assim buscar sobrevivência digna”, disse a Miss Acre Trans ao ContilNet.