O corpo do poeta acreano Mauro Modesto foi sepultado nesta sexta-feira (14), no cemitério São João Batista, em Rio Branco.
SAIBA MAIS: Acre fica mais pobre com a morte do poeta Mauro Modesto, dizem escritores e amigos
A esposa do poeta, ao sepultar o marido, emocionada, disse que o desejo de Mauro de ser enterrado ao som da sua música preferida, “Meu Velho”, do cantor Altermar Dutra, seria realizado. Ficou a cargo do músico e amigo de Mauro, o também senamadureirense, Franklin Pinheiro, homenagear o poeta.
Ao final da cerimônia, após minutos de aplausos, um coro surgiu: “Viva, Mauro”.
A jornalista e presidente da Associação de Jornalistas e Escritoras do Brasil no Acre, Socorro Camelo, amiga próxima do poeta, disse que Mauro foi um dos maiores da história do Acre e da Amazônia.
“Irradiava poesia por onde passava, como um perfume de sensibilidade, de romantismo, da capacidade de transformar sentimentos em versos”, disse.
O presidente da Academia Acreana de Letras, o cineasta Adalberto Queiroz, lembrou que Mauro foi fundador e primeiro presidente da Fundação Garibaldi Brasil (FGB),em 18 de maio de 1988 durante a gestão do prefeito Jorge Kalume. O cineasta contou também como foi o último encontro com Modesto.
“A última vez que nós da Academia nos encontramos com Mauro foi em um Sarau voltado às festas juninas, no dia 29 de junho. Ele estava lá, de cadeira de rodas. Ao som de um sanfoneiro, com zambumba, triângulo, todo mundo foi para o arena do Teatro. O Mauro se divertiu à vontade. Quando terminou a música, ele olhou pra mim disse: – Presidente, fazia muito tempo que eu não sentia uma alegria tão grande” – Naquele momento eu dei um beijo no rosto do Mauro. Me despedi dele em vida”, disse o presidente.
Quem foi Mauro Modesto?
Mauro foi o primeiro diretor-presidente daquela que seria a casa de cultura do município de Rio Branco. Nascido em três de fevereiro de 1943, em Sena Madureira, no Acre, Mauro Modesto vem a ser o décimo primeiro dos catorze filhos de Iracema d’Ávila Modesto, amazonense, e José Modesto da Costa, migrante nordestino.
Foi estudar no Rio de Janeiro (e, posteriormente, em Minas Gerais), ocasião em que vivenciou novos horizontes e, de imediato, juntou-se aos poetas, formando aí, as rodas poéticas na cidade que fervilhava política e culturalmente. Aos 16 anos, começou a escrever seus primeiros versos.
Era formado pela Universidade Federal do Acre (Ufac), em Ciências Econômicas, profissão que nunca exerceu. Preferiu ser radialista, jornalista e poeta. Como jornalista, por 16 anos exerceu a profissão na Assessoria de Comunicação Social do Gabinete do Governador do Estado. “É por meio da poesia que exprimo minhas emoções, com narrações sobre o prazer, o deleite”, disse o poeta em uma de suas muitas entrevistas a este ContilNet.
Em sua poesia, Mauro Modesto falava sempre de amor e abandono, a matéria-prima da saudade. Mauro teve seu talento reconhecido inclusive também por outros talentosos grandiosos, como é o caso do filósofo, jornalista e escritor Antonio Stélio, acreano atualmente vivendo em Natal, no Rio Grande do Norte. Sobre Mauro, ele escreveu: “Mauro Modesto, depois que fixou residência, definitivamente, no Acre, como filho pródigo, organizou concursos de poesias, escreveu colunas em jornais, falou de poesia em tempos difíceis e se tornou um soldado da literatura acreana”.
CONFIRA AS IMAGENS DO MOMENTO DE DESPEDIDA: