Conheça o acreano Sergio Souto, um dos maiores compositores do Brasil com quase 50 anos de carreira

Ao ContilNet, Sergio contou que a carreira aconteceu no final da década de 70

O Dia do Músico, celebrado nesta quarta-feira (22), relembra os nomes que fazem parte da história da música brasileira e mundial. A data foi criada em homenagem a Santa Cecília, considerada a padroeira dos músicos. No Acre, grandes músicos construíram a história da música acreana em diversas épocas. Um desses nomes é o senamadureirense Sergio Souto, que compôs o hino do município acreano, além de outros sucessos.

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Ao ContilNet, Sergio contou que a carreira aconteceu no final da década de 70, quando participou do Festival Rodada Brahma da Música Popular Brasileira. “Foi um evento de super produção, quando a Brahma fez 90 anos de Brasil e eu ganhei em primeiro lugar. Ali eu achei que era um bom compositor, porque no meio de mais de 2 mil pessoas, eu fiquei em primeiro lugar. Achei que estava no caminho certo e dois meses depois, eu estava em uma feijoada da TV Tupi, o que só veio reforçar a minha vontade de largar a fotografia, que era minha arte, minha profissão antes disso e a partir para a música com os dois pés”, explicou o acreano.

Com 45 anos de carreira, Sergio ressaltou que a música “Falsa Alegria” foi o termômetro que definiu a história. “A música tem 43 anos e até hoje vive. Quem não conhece, passa a gostar e tem uma coisa muito interessante nela, que ela bate de primeira, o recado é bem dado e o resultado foi 43 anos no ar”, disse.

Sergio Souto é natural de Sena Madureira, no interior do Acre/Foto: Cedida

O acreano é compositor de grandes sucessos, como Falsa Alegria e Minha Aldeia. Além de cantar com outros grandes nomes da música brasileira, Sergio Souto também participou de grandes festivais. “A ‘Minha Aldeia’ também foi para um festival, da Globo, depois dos festivais que participei cantando com Caetano Veloso, Fagner, Alceu Valença e toda essa galera. Depois de 1985, depois de ter lançado dois discos, participei da Globo com ‘Minha Aldeia’, com um parceiro meu, que foi ao Acre entender o que era o estado. Ele era português, radicado no Brasil, e Deus levou ele mais cedo para compor com os menestréis, chamado Amaral Maia. ‘Minha Aldeia’ ganhou o mundo, viajou e entrou para a novela ‘Sinhá Moça’, na primeira versão de Benedito Ruy Barbosa. Estou contente com dois clássicos meus na MPB”, disse.

Hino de Sena Madureira

Sergio Souto foi o compositor do Hino de Sena Madureira, mas segundo o músico, a letra não foi feita na intenção de se tornar hino, e sim como uma declaração de amor para Sena Madureira.

“Virou o hino oficial, que foi um projeto da vereadora Wania Pinheiro, com aval da prefeita Toinha Vieira. O processo foi feito com lembranças minhas em Sena Madureira, brincadeiras nos fundos de quintal, nos banhos no cafezal, nos banhos no Rio Iaco e outras tantas lembranças. Aí, vem as imagens e mil coisas. Foi um hino que eu fiz com o maior carinho do mundo. Eu mudaria um lance, a pedido do prefeito, o que eu acho que é legal, porque no hino não tem a palavra Sena Madureira, mas eu acho que deveria ter, em algum momento, a citação. Eu vou sugerir a ele que possamos fazer essa mudança, de acordo com a melodia e não a bel-prazer, tem que ser algo preparado e eu estou pronto para isso”, explica.

Grandes momentos

Apesar de não considerar a carreira consagrada com ‘explosões’, como acontece nos dias de hoje, Sergio Souto aponta que teve grandes momentos na história da sua carreira musical. “Eu apresentei três vezes no Fantástico, era uma coisa dificílima de conseguir e eu caí nas graças do diretor-geral do Fantástico, o José Itamar de Freitas, e ele me chamou para fazer dois clipes, das músicas ‘Minha Aldeia’ e ‘Falsa Alegria’. Depois eu fui chamado pela Hebe Camargo. Foi muito legal também”, explica.

Sergio é o compositor do Hino Oficial de Sena Madureira/Foto: Reprodução

Depois desses programas, Sergio participou de quase todos os festivais e programas de televisão a partir da década de 80. “Eu imagino que foi um grande momento da minha vida na música participar desse momento cantando ‘Minha Aldeia’, isso já vale muito”, disse.

Sergio Souto já se apresentou pelos principais palcos do Brasil, como Maracanãzinho, Anhembi, Olímpia, Teatro Amazonas, Teatro da Paz, Teatro Castro Alves, Teatro Carlos Gomes, Teatro Plácido de Castro, Dragão do Mar, Teatro Hélio Melo, Teatro Cine Recreio, Sesc e outros tantos com turnês no Sul, Nordeste e outras regiões.

“Estou feliz por tudo isso. Estou com uma idade gostosa, estou trabalhando, compondo, estou no Rio de Janeiro gravando coisas interessantes, com grandes amigos músicos. Estou produzindo um trabalho com um poeta português, professor de filosofia aposentado. Estamos com 15 músicas prontas e dessas, vou gravar 12. É um projeto dele, lá de Portugal. O que faltar, a gente inventa, o importante é não ter a bola parada em campo. Eu sou essa bola, eu preciso estar em movimento”, disse.

Cenário musical acreano

Nos últimos anos, novos músicos têm surgido no cenário musical acreano. Ao ContilNet, Sergio afirma que conhece boa parte dos artistas do Acre. “Tem uma galera fazendo um trabalho bonito, músicos de excelente qualidade. Nós temos que melhorar apenas na parte da cultura em si, dos gestores de cultura”, disse.

“Eu tive um projeto rejeitado sem nenhum motivo. Eu não fiquei devendo nenhuma exigência. Fui reprovado de forma cruel, era um documentário meu, contando parte da minha história.Não dá para contar em 1 hora e 30 minutos, 45 anos de história. Não me escolheram, problema deles. Estão perdendo a carroça da história, falta conhecimento e muitos dos julgadores não tinham nem nascido quando eu estava na estrada e isso me dói muito”, finalizou.

Poesia sobre música de Sergio Souto

música e poesia andam lado a lado
é o maior exemplo da cumplicidade
raramente elas se desentendem
ambas tem o cheiro bom de humanidade.

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