A estiagem severa que a Amazônia vem enfrentando tem causado inúmeros prejuízos, como a falta de chuvas, baixo nível de rios e péssima qualidade do ar, em virtude das queimadas. Porém, os problemas vão mais além. No Acre, por exemplo, os casos de Síndromes gripais têm apresentado crescimento, preocupando a saúde do Estado.
Em meio a alta no número de casos, o Governo Federal resolveu antecipar a campanha de imunização contra gripe em todos os estados do Norte. No Acre, teve início na última segunda-feira (13). A meta é vacinar contra a influenza pelo menos 90% de cada um dos grupos prioritários, sendo crianças, gestantes, puérperas, idosos com 60 anos ou mais, povos indígenas, professores e trabalhadores de saúde. Os demais grupos prioritários não contabilizam a cobertura vacinal.
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Ao todo, 317.504 pessoas, que fazem parte dos grupos prioritários, devem ser vacinadas, segundo a Secretaria de Estado de Saúde do Acre (Sesacre).
Outra preocupação que tem surgido em meio à população é sobre a possibilidade de uma nova onda de Covid-19, que no Acre já deixou mais de 163 mil pessoas doentes e causou mais de duas mil mortes, segundo o Ministério da Saúde. Em entrevista ao ContilNet, o médico imunologista Guilherme Pulici esclareceu as principais dúvidas sobre as Síndromes Respiratórias Graves (SRAG) e a Covid-19.
Quando questionado sobre o alto número de casos de SRAG que o estado tem registrado em 2023 – no primeiro semestre foram notificados mais de 83 mil casos – o médico explicou que as alterações climáticas que a região vem enfrentando podem ser um dos fatores para alto valor.
“De fato, é uma pergunta difícil de ser respondida uma vez que as gripes costumam ocorrer nos meses de abril a julho. Alterações climáticas talvez sejam a melhor explicação até o momento”, disse.
O imunologista alertou, ainda, para o fato da Covid ainda circular em meio à sociedade, porém, de forma menos agressiva. “A Covid-19 ainda circula em nossa sociedade, através de uma cepa menos agressiva, mas ainda dá sinais de que pode incomodar muitos de nós”, revelou.
No entanto, o especialista descartou uma terceira onda no atual momento. “Há chance sim, mas no momento parece improvável já que não temos notícias, mundo afora, de cepas agressivas como vimos nos anos de 2020 e 2021”, enfatizou.
Cuidados para prevenção das doenças
Algumas medidas podem ser adotadas como forma de prevenção às síndromes gripais, como por exemplo, o uso de máscaras, álcool e vacinação. Guilherme destacou que o relaxamento das medidas de proteção associado a outros fatores podem ser a causa do aumento de casos em todo o país.
“Doenças respiratórias são transmitidas através de gotículas e após o relaxamento das medidas de proteção e, talvez, associadas às alterações climáticas (calor batendo recordes sucessivos em todo o país), vimos os índices assustarem, considerando a época do ano”, exemplificou.
Sintomas da gripe e do Covid-19
Conhecer os sintomas de cada doença pode ajudar a diferenciar um quadro de gripe e de Covid-19. A gripe é uma infecção do sistema respiratório, provocada pelo vírus influenza, com grande potencial de transmissão. Os principais sintomas são: febre, dor de garganta, tosse, dor no corpo e dor de cabeça. As crianças podem apresentar altas temperaturas, aumento de gânglios na região do pescoço, quadros de bronquite e sintomas gastrointestinais.
Os demais sintomas da gripe são calafrios, mal-estar, dor nas juntas, prostração e secreção nasal excessiva. Os pacientes ainda podem ter diarreia, vômito, fadiga, rouquidão e olhos avermelhados e lacrimejantes. No caso da gripe causada pelo vírus influenza A (H3N2), os sintomas são os mesmos, com o potencial de causar casos de síndrome respiratória aguda grave (SRAG) em idosos e imunocomprometidos.
Já a Covid-19 é causado pelo coronavírus (SARS-CoV-2). Os casos leves são caracterizados por sintomas como tosse, dor de garganta ou coriza, seguido ou não de perda de olfato (anosmia), perda de paladar (ageusia), diarreia, dor abdominal, febre, calafrios, dor no corpo e de cabeça ou fadiga.
Há ainda os sinais de piora progressiva relacionado à Covid-19, como grande fraqueza muscular, prostração, falta de apetite e diarreia, além da presença de pneumonia sem sinais ou sintomas de gravidade.
A maioria das pessoas com Covid-19 desenvolvem sintomas leves ou moderados da doença, entretanto, aproximadamente 15% podem desenvolver sintomas graves, chegando a necessitar de suporte de oxigênio e, cerca de 5% podem apresentar a forma crítica da doença, com complicações como falência respiratória, sepse e choque séptico ou falência múltipla de órgãos, incluindo lesão dos rins ou do coração.