Militares do Acre são contra implantação de câmeras em fardas: “Interesse em nos vigiar”

Medida já faz parte do Plano Estadual de Segurança Pública do Acre. Sejusp aguarda verba do governo federal

A Associação dos Militares do Acre (AME/AC) se posicionou em nota sobre a implantação de câmeras em fardas de policiais militares, que já está prevista no Plano Estadual de Segurança Pública, como havia sido divulgado pelo ContilNet nesta semana.

Nota foi divulgada pela Associação dos Militares do Acre/Reprodução

RELEMBRE: Segurança vai implantar câmeras em fardas de PM do Acre e aguarda verba do Governo Lula

Logo no início, o órgão levanta um questionamento sobre a decisão do governo em implantar a medida. “Por que o Estado se dispõe em investir quase 40 milhões para vigiar a Polícia e quase nada para melhorar a carreira, condições de trabalho e salário dos policiais?”.

Os militares seguem dizendo que a medida serve apenas para ‘vigiar’ os policiais e volta a questionar a aplicação de recursos públicos na Segurança Pública do Acre.

“É com estranheza que recebemos a notícia que este Estado que falta dinheiro para tudo, agora tem interesse de gastar 40 milhões em implantação de câmeras corporais para vigiar, sim, este é o termo, os policiais no exercício de suas funções. Indo assim na contramão do que prega, deixando claro que dinheiro tem apenas para o que lhe é de interesse”, diz trecho da nota.

Ainda em nota, a Associação também questiona o porque desse montante não ser investido em reformas da infraestrutura dos prédios da Segurança. “Porque não usar esses muitos milhões de reais para as reformas estruturais urgentes de nossos quartéis em especial do interior ou em equipamentos que lhes dê melhores condições operacionais? Ou ainda, melhor, quitar com estes a dívida do Realinhamento Remuneratório prometido na campanha eleitoral de 2018? Não seria melhor motivar os militares com uma carreira digna?”, escreveu.

A Sejusp lembrou que esses recursos são oriundos do governo federal e que a sua aplicação entra em conformidade com o Plano Nacional de Segurança Pública, ou seja, não é definido pelo Executivo do Estado.

A proposta gera discussões dentro da própria corporação/Foto: Reprodução

A pasta informou que o Plano Estadual contempla ações no sentido de ser realizado um estudo no que diz respeito à transmissão e armazenamento dos dados. A nota informa ainda que uma proposta já foi devidamente encaminhado ao Ministério da Justiça.

“No momento, a SEJUSP aguarda transferência de recursos do fundo nacional de segurança pública para que seja efetivado o estudo no que diz respeito à aquisição do equipamento, de transmissão e armazenamento dos dados”.

Veja a nota da Associação dos Militares na íntegra:

Por que o Estado se dispõe em investir quase 40 milhões para vigiar a Polícia e quase nada para melhorar a carreira, condições de trabalho e salário dos policiais?

O Estado não se cansa de dizer que enfrenta dificuldades financeiras, tanto o Estado do Acre como a União, reclamam diuturnamente que o orçamento está apertado e a exiguidade de recursos públicos, principalmente para demandas como melhoramento de carreira e remuneração dos Servidores, e aqui, me reservo a falar do meu público, Militares Estaduais.

É com estranheza que recebemos a notícia que este Estado que falta dinheiro para tudo, agora tem interesse de gastar 40 milhões em implantação de câmeras corporais para vigiar, sim, este é o termo, os policiais no exercício de suas funções. Indo assim na contramão do que prega, deixando claro que dinheiro tem apenas para o que lhe é de interesse.

Preciso claro, ser justo, e é inegável que muitas coisas foram feitas em termo de infraestrutura nos últimos anos, apaziguando um pouco a calamitosa situação que a Segurança Pública e em especial os militares enfrentam em seu dia a dia, mas basta uma rápida visita aos quartéis, que veremos que ainda falta muito, do mobiliário, quase todos velhos, boa parte reaproveitados, à água de consumo.

Temos quartéis com sérios problemas estruturais, temos unidades, em especial nos municípios isolados como Santa Rosa, entre outros, operando em situações de total insalubridade, funcionando na raça, coragem e amor servil e social dos militares que ali operam.

Deixo, pois, o seguinte questionamento ao Gestores do Estado, não seria mais eficiente, viável e urgente o melhoramento das condições de trabalho dos Militares? Porque não usar esses muitos milhões de reais para as reformas estruturais urgentes de nossos quartéis em especial do interior ou em equipamentos que lhes dê melhores condições operacionais? Ou ainda, melhor, quitar com estes a dívida do Realinhamento Remuneratório prometido na campanha eleitoral de 2018? Não seria melhor motivar os militares com uma carreira digna?

Aguardamos vossa resposta, que indicará qual a prioridade deste, se é investir na “vigilância” da ação policial, ou nas melhores condições para que o Policial possa atuar contra o Crime.

Afinal é na escassez que mostramos qual é nossa prioridade.

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