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Baixa vacinação e uso excessivo de antibióticos podem ser as causas de pneumonia em crianças

Por Matheus Mello, ContilNet

O Acre viu nas últimas semanas um crescimento significativo nos casos graves de pneumonia em crianças. Alguns casos de pacientes infantis internados em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) fez a Secretaria de Estado de Saúde ficar em alerta. Entre eles, estão a filha do deputado federal Eduardo Velloso, Beatriz, de apenas 10 anos, e a filha do ex-secretário de Turismo, Márcio Pereira, Manuella Letícia.

A baixa cobertura vacinal da Pneumocócica 10-valente conjugada (VPC-10) comprova que as nossas crianças não estão protegidas/Reprodução

Ao ContilNet, o médico imunologista Guilherme Pulici explicou as duas possíveis causas para esse aumento de casos graves da doença. A primeira, confirma a nota de alerta emitida pela Secretaria de Estado de Saúde do Acre (Sesacre): a baixa cobertura vacinal da Pneumocócica 10-valente conjugada (VPC-10) comprova que as nossas crianças não estão protegidas.

“A gente ainda tem o resquício do medo infundado de pais e mães em relação à vacina, entre elas a da pneumonia. A gente tem que lembrar que pneumonia ela não é causada só pelo pneumococo, que é a bactéria que pode ser prevenida pela anti-pneumocócica. Ela também pode ser causada por vírus. Então você pode ter pneumonia por covid, por influenza, por varicela. Então todas as vacinas que estão previstas no calendário são importantes e podem ajudar a reverter esse cenário”, disse.

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Guilherme Pulici é presidente do Sindicato dos Médicos do Acre/Foto: Reprodução

A vacina pneumocócica 10-valente conjugada (VPC-10) foi incluída no Programa Nacional de Imunizações (PNI) há 14 anos, e segue disponível no Acre para todas as crianças de até um ano.

A Sesacre afirmou que há um grande estoque da vacina no Acre, porém, a procura tem sido abaixo do estimado. Para se ter ideia, no ano de 2023, apenas 79,51% do público-alvo foi vacinado com a Pneumo10 em todo o Estado.

“As baixas coberturas vacinais são o nosso termômetro de que nossas crianças não estão protegidas. O objetivo é que possamos passar pela doença sem sintomas ou com sintomas brandos”, disse Renata Quiles, coordenadora estadual do Programa Nacional de Imunizações.

Já uma segunda causa para esse aumento de casos graves, segundo o médico, seria o uso indiscriminado de antibióticos em crianças.

“A partir do momento que a gente usa antibióticos quando não se é necessário, a gente pode estar selecionando bactérias existentes. Então é importante que sejam utilizados com cautela e em casos confirmados e examinados por médicos, de preferência por pediatras, para que a gente não acabe alterando essa sensibilidade das bactérias que causam pneumonia na nossa comunidade”.

O médico aproveitou para lembrar que a questão nutricional pode ajudar a prevenir esses casos mais graves em crianças. “O fornecimento de nutrientes adequados para cada faixa etária, orientados de preferência por um pediatra, pode ajudar a prevenir situações de infecções graves em crianças”.

Ao final, Guilherme faz um alerta para o fim da época de chuvas. Com o período da seca e o avanço das fumaças e queimadas, as doenças respiratórias ficam sucessivas e o cuidado precisa ser redobrado.

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