O Acre vem enfrentando chuvas abaixo da média e um prognóstico de seca extrema em função do prolongamento dos efeitos do El Niño. O governo do Estado, por meio da Secretaria do Meio Ambiente (Sema), está monitorando e acompanhando os níveis dos rios junto à Rede Hidrometeorológica e réguas linimétricas das Defesas Civis.
Entre as medidas adotadas pelo governo do Acre estão o Decreto de Situação de Emergência Ambiental em todos os 22 municípios do estado, publicado no dia 11 de junho, com validade até 31 de dezembro. Criação do Gabinete de Crise temporário para tratar da redução dos índices de chuvas e dos cursos hídricos e do risco de incêndios florestais, o lançamento da segunda fase da Operação Protetor dos Biomas, engajamento entre a Sema com as secretarias municipais de Meio Ambiente, por meio da Rede de Governança Ambiental, sensibilização por meio da educação ambiental, entre outras ações estratégicas.
O fenômeno El Niño, caracterizado como um aumento da temperatura da superfície do mar em grande parte do Oceano Pacífico Equatorial, é observado desde junho de 2023.
Segundo dados do Centro de Geoprocessamento e Monitoramento Ambiental (Cigma), mapeados pelo Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), a temperatura do oceano chegou a valores dentro da média, sinalizando uma condição de neutralidade, o que indica o fim do fenômeno El Niño.
Ainda de acordo com o Inmet, existe a possibilidade da formação do fenômeno La Niña a partir do segundo semestre de 2024, com uma probabilidade de 69%. O meteorologista do Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia – Centro Regional de Porto Velho (Censipam-CR/PV), Laurizio Alves, explicou que os indicativos do La Niña surgem a partir do trimestre de julho, agosto e setembro, porém, na região sul da Amazônia, que inclui o Acre, a maior probabilidade de os efeitos do La Niña ocorrerem é por volta do trimestre de agosto, setembro e outubro.
“Os efeitos do El Niño e La Niña geralmente estão ocorrendo bem mais rápido do que eram antes. Então, a gente está evidenciando um pouco dessas mudanças no padrão de clima global. No entanto, as anomalias positivas elevadas nas águas do oceano Atlântico Norte podem atenuar o efeito do La Niña aqui na região, mantendo assim para toda a região Sul da Amazônia ainda a expectativa de seca, principalmente para o trimestre de julho, agosto e setembro, que já é um período seco, porém, esperamos que ele seja bem mais seco do que a climatologia espera”, afirmou o meteorologista.
Diante deste cenário, o governo está mobilizado para uma atuação conjunta entre as diversas secretarias e autarquias com envolvimento na agenda ambiental. Além das medidas tomadas, estão sendo realizadas reuniões semanais na Sala de Situação da Sema, que norteiam os órgãos que fazem parte da agenda ambiental na tomada de decisões, no Cigma, para tratar sobre ações integradas entre as instituições.
“Estamos atuando para mitigar os impactos da seca extrema que o Acre está enfrentando, com ações, fiscalizações, união entre os diversos órgãos, e uma força-tarefa para zelar pela nossa população, pelo meio ambiente. É importante enfatizar que esse enfrentamento precisa ser de todos nós, para além do Estado”, disse a secretária do Meio Ambiente, Julie Messias.
Acumulado de chuva em junho
Segundo o Cigma, com base nos dados da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) e do Inmet, as chuvas que ocorreram nos últimos dias na região têm mostrado acumulados abaixo do esperado para o mês de junho de 2024 no Acre.
Marechal Thaumaturgo registrou um acumulado de chuva de 51,8mm, sendo o esperado de 63mm, o maior quantitativo do mês entre os municípios para junho até esta quinta-feira, 27. Em Cruzeiro do Sul, choveu 48,2mm, 44% abaixo do esperado; Rio Branco registrou um acumulado de chuva de aproximadamente 23mm, o que aponta um volume 28% abaixo do esperado, que seria de 32mm, segundo a média climatológica para o mês.