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“Minha vida parou”, diz mulher que teve perna amputada após racha

Por Metrópoles

Habituada a uma rotina de atividades físicas e de movimentos constantes, que exigiam bastante de suas pernas, a massoterapeuta Maria Graciete Alves Araújo, de 36 anos, viu sua vida virar de ponta cabeça após ser atropelada e ter a perna esquerda amputada por um carro de luxo, que supostamente disputava um racha em Barueri, na Grande São Paulo, no dia 20 de maio deste ano.

O empresário Carlos André Pedroni de Oliveira dirigia um Mercedes-Benz, em alta velocidade, quando atingiu a traseira do mototáxi de Arlison da Silva Correia, de 32 anos, que transportava Maria Graciete em uma corrida de aplicativo. O impacto foi tão forte que a perna dela foi arrancada na hora.

Arquivo Pessoal

Em entrevista ao Metrópoles, a massoterapeuta afirmou nessa segunda-feira (12/8) que sua recuperação está lenta. Ela se esforça para se locomover de muletas e retomar a rotina, agora com a mobilidade reduzida.

“Minha vida parou. Tinha uma vida muito agitada e ficar parada é muito difícil”.

Carlos André e Roberto Viotto, conhecido como “dentista dos famosos”, o outro suposto participante do racha, não prestaram socorro às vítimas e negam a realização de uma corrida ilegal.

O empresário, que tinha um arsenal de armas em casa, apreendido pela polícia, se apresentou na delegacia somente 40 horas após o crime. Ele foi indiciado por lesão corporal gravíssima, fuga do local de acidente e omissão de socorro.

Logo após prestar depoimento, ele concedeu uma breve entrevista aos jornalistas no 2º DP de Barueri na qual afirmou que seu foco, na ocasião, era “localizar e dar apoio às vítimas”.

Promessa descumprida

Maria afirmou ao Metrópoles que não foi procurada pelo empresário até agora. O mototaxista disse a mesma coisa, também nessa segunda-feira.

“O setor público ainda não ajudou [com auxílio acidente], nem as pessoas que me acidentaram sequer me procuraram. Só meus amigos [prestaram apoio]. Está difícil”, afirmou a massoterapeuta.

Ela recebia por serviços prestados como autônoma. Pelo fato de estar impossibilitada de trabalhar, porque precisa focar em sua reabilitação, ela está sem fonte de renda.

“Só não estou morando na rua porque meus amigos estão me ajudando”.

A falta de apoio, tanto público como o prometido pelo suspeito, interferem também na rotina de recuperação da vítima. Ela explicou que precisaria fazer três sessões semanais de fisioterapia, mas só consegue fazer uma.

“Tudo é pago. Preciso pagar pelo transporte e não estou com condições porque estou sem fonte de renda. Ele [empresário] deve estar levando sua vida normalmente”.

Três advogados fazem a defesa de Carlos André. Eles foram questionados pela reportagem na tarde dessa segunda-feira, mas não haviam se manifestado até a publicação desta reportagem. O espaço segue aberto.

Ao Metrópoles, Roberto Viotto, o “dentista dos famosos”, negou na ocasião estar disputando um racha e disse que, apesar de não ter visto o acidente, Carlos André fugiu do local com o motor arrastando no chão.

“Não consegui dormir”

O condutor da moto conversou com o Metrópoles na manhã seguinte após ter alta hospitalar.

Arlison lembra que foi buscar a massoterapeuta em frente a um prédio comercial. Ela pretendia voltar para casa, no bairro Engenho Novo, em Barueri. Depois disso, o motociclista também pretendia voltar para casa, em Santana de Parnaíba.

Minutos após começarem a trafegar pela Alameda Rio Negro, Arlison afirmou ter sentido uma pancada “do nada”, na traseira de sua moto.

“Fui projetado no ar. A lembrança é como se fosse em câmera lenta, machuquei os dois calcanhares, os dois cotovelos e a cabeça. Minha moto foi parar a uns 50 metros de mim. Quando olhei para o lado, vi a Maria, sem a perna. Isso não sai da minha cabeça”.

O motociclista chegou a ser levado para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI), após um princípio de hemorragia cerebral ser identificado em uma tomografia. Ele ficou em observação por 24 horas e foi liberado, no fim da tarde do dia 22 de maio.

Testemunhas disseram à polícia que dois carros de luxo disputavam um “racha” quando um deles atropelou a moto. Segundo a Prefeitura de Barueri, a velocidade máxima permitida na Alameda Rio Negro, onde houve o atropelamento, é de 40 km/h.

O caso foi registrado pela Polícia Civil como disputa de racha, lesão corporal, omissão de socorro e fuga. A Secretaria da Segurança Pública (SSP) afirmou, nessa segunda-feira, que o 2º DP de Barueri trabalha para concluir o inquérito e “esclarecer os fatos”.

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