Em aceno ao União Brasil, Marçal anuncia apoio a candidata no MS que integrou governo Lula

Ex-coach pediu voto em Rose Modesto, que concorre em Campo Grande contra atual prefeita apoiada por Bolsonaro, após live com Guilherme Boulos

Candidato derrotado à prefeitura de São Paulo no primeiro turno, Pablo Marçal (PRTB) aproveitou a live com o rival Guilherme Boulos (PSOL) nesta sexta-feira para pedir votos para candidatos a prefeito em outras cidades, emulando as transmissões ao vivo de Jair Bolsonaro no período eleitoral. O ex-coach pediu votos para Rose Modesto (União Brasil) em Campo Grande (MS), que integrou o governo Lula até maio deste ano e concorre contra a prefeita Adriane Lopes (PP), apoiada pelo ex-presidente.

Pablo Marçal em entrevista coletiva concedida na noite desta terça-feira

Pablo Marçal em entrevista coletiva concedida na noite desta terça-feira — Foto: Edilson Dantas

Rose assumiu no início do ano passado a presidência da Superintendência do Desenvolvimento do Centro-Oeste (Sudeco), vinculada ao Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional, ambos órgãos sob o comando do União Brasil na gestão Lula, e deixou o cargo para disputar a prefeitura da capital sul-mato-grossense.

O anúncio ocorreu de forma truncada – o ex-coach não lembrou do sobrenome da candidata e recorreu a um assessor, que ainda errou ao chamá-la de “Rose Matos”. Mas, em seguida, frisou se tratar da candidata do União Brasil na cidade.

O apoio, além de contrapor Marçal a Bolsonaro no segundo turno de Campo Grande, pode soar insólito pela tônica do ex-coach na disputa em São Paulo, quando denunciou até rivais de direita como Ricardo Nunes (MDB) como parte de um “consórcio comunista do Brasil”. Mas o endosso faz parte de um aceno explícito ao União Brasil.

Hoje filiado ao PRTB, o empresário se aproximou do partido ainda durante a pré-campanha visando uma aliança no primeiro turno, que não se confirmou – o partido fechou com Nunes. Mas, diante do desempenho meteórico ao longo de agosto e setembro, as conversas avançaram visando um eventual embarque caso o ex-coach vencesse a eleição.

O diálogo não cessou nem mesmo após o crescimento nas pesquisas estancar após controvérsias como a briga com Bolsonaro pelo ato do 7 de setembro na Avenida Paulista e a exploração exagerada da cadeirada de José Luiz Datena (PSDB) contra o então candidato no debate da TV Cultura. Como mostrou a colunista Bela Megale nesta sexta-feira, Marçal mantém conversas frequentes com o presidente da legenda, Antonio Rueda.

O apoio de Marçal pode impulsionar a candidatura de Rose, que foi vice-governadora do MS entre 2015 e 2019 e perdeu a eleição para comandar o estado em 2022, quando terminou em quarto lugar e acabou sem mandato. A indicação para a Sudeco sob Lula garantiu à política visibilidade e agendas de interesse no seu berço eleitoral.

Já a rival Adriane só recebeu o endosso de Bolsonaro no segundo turno. O ex-presidente trabalhou contra sua ex-ministra Tereza Cristina (PP), principal avalista da candidatura, e apoiou Beto Pereira (PSDB), candidato do governador tucano Eduardo Riedel. A atual prefeita assumiu a prefeitura em 2022, quando o então prefeito Marquinhos Trad (PSD), de quem era vice, renunciou para disputar o governo estadual.

As pesquisas divulgadas nesta semana em Campo Grande mostram um cenário embaralhado entre as candidatas: tanto Rose quanto Adriane lideram as pesquisas a depender do instituto. Entre os levantamentos tradicionais, a projeção divulgada pela Quaest no dia 16 apontou a prefeita Adriane Lopes com 42%, empatada tecnicamente com a rival do União Brasil, com 39%.

Apoio a outros candidatos

Resta saber se a influência de Marçal, cuja campanha em São Paulo nacionalizou seu capital político, será suficiente para eleger Rose Modesto. Seja como for, o ex-coach não hesitou em pedir votos: além de apoiar Cristina Graeml (PMB) em Curitiba (PR) já no primeiro turno, ele também manifestou seu apoio a candidatos da direita em outras capitais, como mostrou o colunista Lauro Jardim.

Também não ficou de fora Gil Arantes (União Brasil), candidato em Barueri (SP) que já prometeu a Marçal a Secretaria de Empreendedorismo caso eleito. O condomínio de luxo Alphaville, residência de Marçal até a disputa pela prefeitura da capital, fica localizado na divisa da cidade com a vizinha Santana de Parnaíba (SP).

Em São Paulo, por sua vez, o ex-coach sinalizou na live com ares de sabatina eleitoral com Boulos que talvez não retorne para o Brasil a tempo de votar no próximo domingo – Marçal está na Europa com a família – e que, se o fizer, deve anular o voto.

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