Cientistas identificam as possíveis causas da mortandade de peixes no Rio Acre; entenda

Uma nota técnica foi lançada nesta quinta-feira (21) e aponta que os extremos climáticos e a baixa concentração de oxigênio são os fatores que podem ter causado o incidente

Foi concluída a análise realizada numa parceria entre a Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema), o Instituto de Meio Ambiente (Imac) e a Universidade Federal do Acre (Ufac) sobre as causas da mortante de peixes que ocorreu entre os dias 4 e 6 de outubro, no Rio Acre.

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Peixes foram encontrados mortos no Rio Acre/Foto: ContilNet

Uma nota técnica foi lançada nesta quinta-feira (21) e aponta que os extremos climáticos e a baixa concentração de oxigênio são os fatores que podem ter causado o incidente.

A equipe que realizou a investigação foi composta por técnicos do Imac, Sema e Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semeia), além da Defesa Civil Municipal. Diversas vistorias foram feitas em um trecho de aproximadamente 27,5 km “ao longo do rio, partindo do Bairro da Base, no centro da capital, em direção à jusante, até o local de denúncia, na zona rural do Quixadá”.

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Após denúncia, equipe técnica realizou vistorias e coleta de material para análise laboratorial. Foto: Carina Castelo Branco/Sema

“Com base nas amostras e dados coletados, evidenciou-se como possível causa da mortandade de peixes a diminuição da concentração de oxigênio dissolvido na água (94,01mg/l e 3,85mg/l, respectivamente) que, mesmo após cinco dias da ocorrência do evento, ainda se encontrava abaixo dos limites aceitáveis pela legislação nos pontos de amostragens localizados na região do Quixadá”, diz um trecho da nota técnica.

Os cientistas elencaram ainda alguns fatores que colaboraram para a baixa concentração de oxigênio na água:

a) Elevadas temperaturas, associadas ao baixo nível da coluna d’água, que na semana de ocorrência do evento apresentava-se abaixo da mínima histórica;

b) Carreamento (detritos) de cargas poluentes que estavam acumuladas em igarapés, ao longo de todo o período de estiagem, e que foram transportadas para o rio após a chuva que irrompeu sobre Rio Branco; e

c) Presença de material particulado suspenso no corpo d’água, em virtude da recirculação da coluna d’água, após a chuva, promovendo o surgimento de partículas do fundo para as camadas mais superficiais, podendo ter causado a obstrução das vias branquiais, dificultando a respiração dos peixes.

“Além de fatores hidrológicos e alterações climáticas, foram citados fatores externos que impediram uma análise mais conclusiva, a exemplo da demora no acionamento dos órgãos competentes, uma vez que, ao longo do tempo, o cenário vai gradativamente perdendo os vestígios”, destaca.

A equipe considera que a falta de laboratórios habilitados no estado para realizar as análises necessárias, além da impossibilidade de envio de amostras para fora do Acre, “foram outros impeditivos para uma análise mais conclusiva”.

Na parte final da nota, a equipe declara:

“Na semana de ocorrência do evento de mortandade, Rio Branco registrou altas temperaturas, sendo a máxima de 38,90ºC no dia 3 de outubro, que antecedeu os primeiros casos de mortandade relatados por moradores. Em altas temperaturas, não só a solubilidade do oxigênio [capacidade de se dissolver na água] é reduzida, como a demanda metabólica de oxigênio é aumentada, podendo trazer consequências graves à população de peixes, que se mostram vulneráveis às variações climáticas”.

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