Associação LGBTQIAPN+ pede abertura de inquérito contra Carlinhos Maia

Agripino Magalhães Júnior, presidente da organização, conversou com a coluna, com exclusividade, sobre a atitude do influenciador

A tentativa de Carlinhos Maia de fazer piada ao trocar o pronome da cantora Liniker pode lhe causar ainda mais dor de cabeça. A Coluna Fábia Oliveira descobriu, com exclusividade, que, após ser denunciado ao Ministério Público por transfobia, o influenciador vai enfrentar um inquérito criminal nas esferas federal e estadual.

Acontece, queridos leitores, que a Associação do Orgulho dos LGBTQIAPN+ de São Paulo contratou um advogado para solicitar a abertura das investigações. Presidente do órgão e suplente de Deputado Estadual, Agripino Magalhães Júnior, falou sobre o pedido.

“Somente através da Justiça podemos combater o ódio, preconceito e retrocessos como essas tais imitações, falas, deboches e fake news. Não é compreensível que uma pessoa que se diz LGBTQIAPN+ (gay), venha praticando tais atos. Da mesma forma como não é compreensível imitar e chamar negros de ‘macaco’ na TV, mídias sociais e nos estádios”, afirmou ele, antes de completar:

“Não é compreensível e precisa acabar! E é pra isso que eu luto todos os dias! Não diminua o peso de algo que mata muitos de nós, LGBTQIAPN+, todos os dias em nosso país. Todo preconceito é violência, toda discriminação é causa de sofrimento”, determinou.

Responsável pelo pedido de abertura do inquérito, o advogado Ângelo Carbone explicou que Carlinhos Maia confessou a prática dos atos LGBTQIAPN+fobicos ao se desculpar: “Não basta se retratar ou pedir desculpas. A lei é fria e define o crime, o delito e a pena. A confissão espontânea ou o pedido de desculpas permite ao juízo reduzir a pena tão somente”, comentou.

De acordo com a Associação do Orgulho dos LGBTQIAPN+ de São Paulo, existem inúmeros casos como esse, onde os gays, lésbicas, trans, bi e afins sofrem com as falas criminosas como as praticadas pelo influenciador nas redes sociais.

Ângelo Carbone deu mais detalhes do caso: “Tem a possibilidade do crime praticado pelo Carlinhos Maia ser remetido ao juízo Federal criminal. Ele é inafiançável. O sujeito é confesso e, dependendo da pena, poderá cumprir em regime fechado”, pontuou.

E continuou relatando: “Com essa atitude, ele [Carlinhos] agride toda uma comunidade LGBTQIAPN+ e poderá sofrer uma condenação indenizatória de valor incomensurável, permitindo inclusive o bloqueio de seus bens, dinheiros e participações. Sem contar que poderá ser impedido de exercer a sua condição de influenciar, junto a seus parças e seguidores, dando início assim ao fim de sua carreira”, esclareceu.

Entenda o caso

Carlinhos Maia voltou a causar polêmica nas redes sociais, dessa vez por conta da cantora Liniker. Na última terça-feira (24/12), o influenciador compartilhou um vídeo com os amigos na Lapônia e colocou a música da artista. Acontece que ao falar dela, o humorista fez uma piada com seu pronome, o que causou revolta nos internautas.

“Vou anunciar a música, p*rra! Você foi no show dele. Dela, delu, dolu, de Liniker. Você foi no show de Liniker. Dele! Mas ele cantou com dela, com Priscila Senna, do Recife. Vou cantar a música. Oxi, eu sou fã. Pera aí, p*rra, o que importa é a música”, disparou Carlinhos.

Nas redes sociais, o influenciador foi detonado. “Por essas e outras que nós da comunidade desprezamos ele, e ele odeia não ser aceito pela gente. Usa o dinheiro pra estudar ao invés de luxar, e isso é um exemplo perfeito, ele faz questão de errar, ela é uma mulher, p*rra!”, disse uma internauta.

Uma segunda disparou: “O Carlinhos Maia é a prova que a gente não escolhe ser LGBTQAPN+, porque se fosse escolha, claramente ele não seria. Ele faz de tudo pra agradar o público hetero dele. Não sei como tem tanto alcance”.

Após a repercussão, Carlinhos Maia excluiu o vídeo. Vale lembrar que recentemente o influenciador foi acusado de transfobia por Romagaga depois que o nome morto dela foi exposto por ele nas redes sociais.

Carlinhos Maia se manifestou

Carlinhos Maia se pronunciou sobre a polêmica envolvendo a cantora Liniker. O influenciador rebateu as acusações de transfobia após fazer uma piada com o pronome da cantora.

“Tento entender e estudar, mas sempre me atrapalho, porque aparece uma sigla nova“, disse Carlinhos.

O humorista continuou: “Ontem eu estava completamente embriagado. Não é uma desculpa, não estou a fim de pedir desculpas. A Liniker é ela, vou continuar ouvindo, sou fã, e a comunidade [LGBTQIAPN+] vai para a p*ta que pariu, não me importo com vocês“, disparou.

Carlinhos Maia ainda relembrou que as pessoas estavam cancelando Liniker até outro dia, devido um episódio em uma premiação.

“Até ontem estavam cancelando a artista porque ela não deixou uma fã segurar o prêmio que era dela, e eu até concordei. Sempre divulguei ela aqui”, afirmou.

Ele completou: “Foi só trocar a caceta do pronome que virou uma algazarra entre as gays, porque para elas, qualquer coisa é mais importante do que a divulgação do trabalho da artista que elas estavam cancelando e escrachando“, comparou.

Carlinhos seguiu rebatendo as críticas: “As gays que me seguem e gostam de mim, bem-vindas, venham! E as outras, que usam a comunidade para tudo, não preciso de vocês. Nem vocês se suportam. É confuso ainda para mim como homem gay e para tantas outras pessoas, se chama dela, se o nome é masculino… Eu tenho um amigo que se chama Liniker, ‘o’ Liniker“, contou.

Ele finalizou pedindo desculpas à artista e a elogiando. “É uma das maiores vozes do país. Vocês deveriam se preocupar mais em divulgar e não cancelar ela por causa de uma bobagem. Vocês não me cancelam, só me divulgam. Ficam as minhas desculpas para a Liniker“, concluiu.

Denúncia ao MPF

Carlinhos Maia trocou o pronome de tratamento à Liniker e fez piada com a cantora durante um stories publicado no Instagram. Ele foi detonado pelos seguidores e se pronunciou sobre o caso, mas pode ter problemas com a Justiça por conta da “brincadeira”.

Isso porque o influencer foi denunciado ao Ministério Público por transfobia contra a artista. A queixa foi feita por dois órgãos de defesa da comunidade LGBTQIA+ do Nordeste. O caso está com a Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão (PFDC). A informação foi compartilhada por Gabriel Vaquer, colunista do F5.

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