O Conselho Deliberativo do Corinthians se reuniu na noite da última segunda-feira mais uma vez para tratar do impeachment do presidente Augusto Melo – na primeira, em dezembro, uma liminar da Justiça interrompeu o encontro.
Desta vez, após mais de quatro horas de debates acalorados e algumas polêmicas, a admissibilidade do processo de destituição foi aprovada, mas a reunião acabou suspensa antes de que houvesse a votação para decidir se o cartola seria ou não afastado.
A reportagem do ge esteve no Parque São Jorge, sede social do Corinthians, e apresenta abaixo bastidores do que aconteceu e detalhes do que vem pela frente. Confira abaixo 10 fatos para entender melhor o assunto:
1 – O que foi decidido
Com a presença de 240 membros, o Conselho Deliberativo do Corinthians votou a admissibilidade do processo de impeachment: em outras palavras, decidiu se abriria ou não a votação para que Augusto Melo fosse afastado.
O “sim” venceu por margem de 12 votos: 126 a 114.
Se a maioria tivesse optado pelo “não”, o caso seria prontamente arquivado.

Parque São Jorge, sede do Corinthians, durante votação do impeachment de Augusto Melo — Foto: Bruno Cassucci
2 – Por que a votação foi adiada
A apuração dos votos foi encerrada às 23h16. Se o afastamento de Augusto Melo fosse decidido na mesma reunião, ela iria se arrastar madrugada adentro.
Alguns conselheiros, principalmente os mais velhos, alegaram cansaço, e Romeu Tuma Jr, presidente do órgão, disse ter recebido informações de que a Polícia Militar não permaneceria no local até o fim da reunião – o que a PM nega.
Tuma consultou a defesa de Augusto Melo e o presidente da Comissão de Ética e Disciplina do clube, Roberson Medeiros, que concordaram em finalizar a reunião em outro dia. Assim, o encontro foi suspenso.
3 – Clima hostil
Os conselheiros se reuniram em um dos ginásios do Parque São Jorge e houve confusão dentro e fora do local.
Augusto Melo e seus apoiadores se revoltaram quando Romeu Tuma Jr tentou decidir por aclamação a admissibilidade do processo. Neste modelo de votação, os conselheiros manifestam seu desejo permanecendo sentados ou levantando-se.
Após confusão, Tuma concordou em fazer tal votação de forma secreta. Porém, na reta final, faltaram cédulas de papel, o que gerou recontagem dos votos e, consequentemente, atraso na apuração do resultado.
Ao deixarem o Parque São Jorge, alguns conselheiros foram hostilizados por apoiadores de Augusto Melo que estavam dentro do local. Um deles, o ex-diretor-adjunto de futebol Sérgio Janikian, chegou a ser agredido. O vice-presidente Armando Mendonça também foi cercado por alguns homens.