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Médica do Acre relembra atuação à frente do Hosmac e fala sobre importância da saúde mental

Por Redação ContilNet

Célia Rocha, médica e ex-diretora clínica do antigo Hospital Distrital, hoje conhecido como Hosmac, relembra com orgulho os anos em que esteve à frente da unidade, acumulando experiência e vivência no cuidado à saúde mental.

Célia é especialista na área/Foto: Reprodução

Durante oito anos de gestão, Célia destacou-se pelo relacionamento próximo com os funcionários e pacientes, além de implementar práticas inovadoras para melhorar a qualidade de vida e o tratamento dos internos. Entre as iniciativas, ela cita a criação de uma horta nas dependências do hospital, fruto de uma parceria com a Emater.

“Conversamos com a diretora da Emater e recebemos assistência técnica para materializar essa ideia. Selecionamos pacientes em melhores condições mentais, que trabalharam na horta. Foi uma excelente praxiterapia”, relembra. Na horta, eram cultivadas verduras e legumes, incluindo nabo, proporcionando alimentos frescos e nutritivos. Outra ação que marcou o período foi a criação de um galinheiro. Pacientes em condições de colaborar assumiam a manutenção do espaço, fortalecendo o vínculo com o ambiente e promovendo uma rotina terapêutica. “Eles desfrutavam de uma alimentação farta e de qualidade”, destaca Célia.

“Tínhamos uma despensa maravilhosa, cozinha industrial e lavanderia bem equipada. O Distrital lavava as roupas da Maternidade Bárbara Heliodora e fornecia medicamentos para o Hospital de Base.” Uma farmácia com medicamentos e materiais cirúrgicos também fazia parte da estrutura. Além disso, a assistência médica era conduzida com dedicação e trabalho em equipe. “Nossos pacientes, quando tinham alguma intercorrência clínica, eram tratados por mim mesma, com o apoio de outros profissionais especializados quando necessário. Trabalhávamos com muita solidariedade”, afirma.

A médica prestou uma homenagem a campanha novembro branco /Foto: Reprodução

A parceria entre Célia Rocha e o diretor geral da época, o psiquiatra José Joaquim Costa Júnior, foi essencial para o sucesso das iniciativas.

“Havia cumplicidade. Era um tempo bom, apesar das dificuldades. Para nós, foi um desafio, mas tudo era feito com prestimosidade. Era um verdadeiro manjar dos céus”, recorda. Outra prática relevante foi levar os pacientes com melhores condições físicas e psicológicas para o Ginásio Coberto, onde realizavam atividades físicas. Essa medida integrava os internos à comunidade e promovia o bem-estar geral.

No entanto, Célia também lamenta o retrocesso que ocorreu após sua saída da direção do hospital, apontando que algumas das iniciativas deixaram de existir. Ela ressalta as dificuldades enfrentadas pelos pacientes mentais, especialmente pela rejeição de algumas famílias.

“Dávamos alta hospitalar, mas, muitas vezes, a família não ajudava. Alguns pacientes eram colocados para dormir embaixo da casa, sem direito a uma cama ou rede. Isso os fazia piorar e retornar ao hospital. Para muitos, o hospital era o único lugar onde recebiam assistência e amor”, desabafa.

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