O presidente do Instituto de Defesa Agropecuária do Acre (Idaf), José Francisco Thum, está sendo acusado de uma série de denúncias de assédio moral e perseguição contra servidores do órgão. A informação foi dada em uma reportagem divulgada pelo G1 Acre, nesta quinta-feira (23).
As denúncias foram formalizadas no Ministério Público do Trabalho (MPT) e na Controladoria Geral do Estado (CGE-AC), ainda no mês de janeiro. O G1 consultou os órgãos sobre o assunto, e todas as denúncias foram confirmadas.
José foi nomeado para o cargo em 2020. Natural do Rio Grande do Sul, ele é médico veterinário e atuava no setor privado antes de assumir o Idaf.
A reportagem conversou com quatro servidores, que preferiram não se identificar por medo de retaliações. Eles alegam ter sofrido perseguição, coação e ameaças de transferência para unidades do interior por parte do presidente do Idaf.
“Sofri várias vezes assédio moral, o que me acarretou prejuízos emocionais. Cheguei a me afastar do trabalho entre 2022 e 2023 por problemas de saúde em decorrência do estresse, das cobranças e, principalmente, pela pressão e abuso de poder”, disse um deles.
Também pesam sobre Thum algumas acusações de corrupção.
“Sempre que eram constatadas irregularidades nas indústrias fiscalizadas e aplicadas sanções, ele usava do poder para pressionar a equipe a não realizar as ações necessárias, ameaçando tirar cargos, abrir processos disciplinares, remover e até devolver servidores para a SEAD [Secretaria de Estado de Administração]”, acusou outro servidor.
Uma das denunciantes disse que chegou a ser punida por fiscalizar dois frigoríficos por abaterem animais sem a presença de agentes de inspeção.
“Foi dada a ordem para rasgar essa advertência. Depois de alguns dias, falaram que iam fazer uma portaria dizendo que um colega foi lá fazer a fiscalização, mas não houve. Essa portaria não saiu, tentamos, novamente, entregar a advertência e foi quando ele [presidente] começou a me perseguir. Eu estava certa, fazendo o que era certo, e seria punida. Nessa época, tive crises de ansiedade, fiquei afastada por um tempo e não tinha vontade de voltar a trabalhar. Sou uma servidora que gosta de trabalhar, estudei para isso, para passar nesse concurso, e era um sonho. Mas se tornou um pesadelo, vi minha saúde mental se esvaindo”, lamentou.
A uma das possíveis vítimas, Thum teria dito que “a canetada dele pesa, que tem influência e carta branca no Idaf”.
“Gosta de nos diminuir, na segunda vez fiquei tão abalada que não consegui dizer uma palavra, só conseguia chorar, fiquei calada e ele, aos gritos. Já exonerou várias pessoas que são contra a opinião dele. Até aliados dele já foram assediados”, contou uma servidora.
O gestor foi procurado pelo G1 para dar sua versão sobre os fatos e negou as acusações:
“Essa questão de assédio, essas denúncias aí, fui pego de surpresa. O que sempre cobrei foi muito trabalho, serviço de todos, [digo] que a sociedade nos cobra e espera de nós, principalmente os produtores. Infelizmente, tem isso. Mas, se alguém está insatisfeito, estou com a consciência tranquila”, afirmou.
“Estou tranquilo. Cobro sempre muito trabalho, tanto é que o Idaf é reconhecido em nível nacional, houve um grande avanço na parte estrutural, chamamos mais servidores no concurso. Sempre tive o intuito de servir, de ajudar, de alavancar o Idaf, o estado, o agronegócio. Mas, a partir do momento que acharem que estou sendo um problema, me afasto com a consciência tranquila, pois procurei fazer sempre o melhor”, concluiu.