Bolsonaro afirma que delação de Mauro Cid foi sob tortura e que condenação no STF será ‘game over’

Em entrevista, Bolsonaro diz que críticas ao STF não lhe dão prazer e pede apoio popular

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou nesta quarta-feira (14) que, caso seja condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no processo que apura sua suposta participação em uma tentativa de golpe em 2022, será “game over”, já que não há mais instâncias às quais ele possa recorrer. Em entrevista ao UOL, Bolsonaro disse não ficar satisfeito em contribuir para o desgaste da Corte, embora tenha feito críticas ao que chama de perseguição política.

Durante a conversa, o ex-presidente mencionou que seu julgamento tem repercussão internacional e citou casos semelhantes em países como Romênia, França e Estados Unidos. Ele afirmou que esses episódios fazem parte do que classifica como “lawfare”, termo usado para se referir ao uso da Justiça com fins políticos, e que isso contribui para o desgaste da imagem do Supremo Tribunal Federal.

Durante a conversa, o ex-presidente mencionou que seu julgamento tem repercussão internacional e citou casos semelhantes em países como Romênia, França e Estados Unidos /  Getty Images

Bolsonaro evitou indicar um possível sucessor político para as próximas eleições, embora tenha elogiado o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas. Disse ainda que não tem pressa para discutir nomes, afirmando que o prazo para desincompatibilização de cargos ainda está distante. Ele também minimizou o encontro que teve com o general Mário Fernandes, preso por supostamente liderar um plano para matar autoridades como Lula, Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes.

Questionado sobre a delação premiada de seu ex-ajudante de ordens, Mauro Cid, Bolsonaro declarou que ele foi torturado e submetido ao “pau de arara do século 21”. Segundo o ex-presidente, nessas condições, não é possível garantir a veracidade de uma delação, pois ela deixaria de ser espontânea e confiável. Ele, no entanto, evitou dizer se Cid mentiu em seu depoimento.

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O STF aceitou, no final de março, a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra Bolsonaro e outros acusados, tornando-os réus pelo suposto envolvimento na tentativa de golpe. A Corte pretende julgar o mérito do caso ainda neste ano, antes do calendário eleitoral de 2026. Bolsonaro, que já foi declarado inelegível pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), responde a cinco crimes que, juntos, podem somar mais de 40 anos de prisão.

A entrevista ocorre em meio a um novo embate entre o Congresso Nacional e o STF. O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), anunciou uma ação para levar ao plenário da Corte a discussão sobre a suspensão de processos que envolvem deputados como Alexandre Ramagem. Além disso, a Câmara deve retomar a tramitação de uma PEC que busca restringir decisões monocráticas de ministros do Supremo, medida que reflete a crescente insatisfação de parlamentares com a atuação do Judiciário.

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