Depois do fenômeno de “Ainda Estou Aqui“, o cinema brasileiro volta a ocupar o centro dos holofotes internacionais com “O Agente Secreto”, novo longa-metragem de Kleber Mendonça Filho, que levou mais de 10 minutos de aplausos em sua estreia na competição oficial do Festival de Cannes 2025. Protagonizado por Wagner Moura, o filme é resultado de uma complexa articulação entre produtoras independentes, órgãos de fomento nacionais e parceiros internacionais para consolidar sua presença no circuito global e concorrer a uma vaga no Oscar 2026.
“O Agente Secreto” é fruto de uma coprodução entre Brasil (CinemaScópio Produções), França (MK Productions), Holanda (Lemming) e Alemanha (One Two Films). Essa união de forças que viabilizou o projeto, permitiu não apenas o compartilhamento de recursos financeiros, mas também o acesso a festivais internacionais, o que amplia o alcance do filme.
A distribuição do longa também foi cuidadosamente planejada para atingir diferentes mercados. No Brasil, o filme será lançado pela Vitrine Filmes. Nos Estados Unidos, a distribuição ficará a cargo da Neon, produtora que distribuiu “Anora”, filme vencedor da principal categoria do Oscar 2025. Já a também grandiosa MUBI será responsável pelos cinemas do Reino Unido, Irlanda, América Latina (exceto Brasil) e Índia.
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Apoio institucional e financiamento
O projeto contou com o apoio do Fundo Setorial do Audiovisual (FSA), administrado pela Agência Nacional do Cinema (Ancine) e pelo Ministério da Cultura. Esse suporte foi fundamental para a realização das filmagens, que ocorreram entre julho e agosto de 2024, em locações no Recife e em São Paulo. A pós-produção foi realizada em Berlim e Paris. Ao contrário do senso comum, “O Agente Secreto” não conta com recursos da Lei Rouanet. Isso porque, desde 2007, a redação da lei proíbe o financiamento de longas-metragens de ficcção e inclui, apenas, “obras cinematográficas de curta e média metragem e filmes documentais”.
Recepção da crítica e público
A estreia do filme brasileiro em Cannes foi marcada por uma recepção calorosa, com destaque para a atuação de Wagner Moura e a direção de Kleber Mendonça Filho. Críticos internacionais elogiaram a forma como o filme combina uma estética estilizada com uma narrativa politicamente engajada. Com essa estreia promissora, “O Agente Secreto” inicia sua trajetória no circuito internacional, com expectativas de participação em outros festivais e possíveis indicações ao Oscar 2026. O longa ainda recebeu 100% de aprovação no Rotten Tomatoes — site que agrega críticas de filmes e séries de televisão, e mostra a porcentagem de aprovação da crítica profissional e da avaliação do público.
Temática e apelo internacional
Ambientado em 1977, durante a ditadura militar brasileira, “O Agente Secreto” acompanha a história de Marcelo, um especialista em tecnologia que retorna ao Recife e se vê envolvido em uma rede de espionagem e conspirações. O filme aborda temas como repressão política, vigilância estatal e memória histórica, utilizando elementos do thriller de espionagem para contar uma narrativa profundamente brasileira, mas com ressonância universal.