A atriz Maria Zilda Bethlem, que trabalhou na Globo por quase 40 anos, está processando a emissora. Ela diz que a Globo lucra exibindo e licenciando novelas antigas onde ela atuou, mas que ela não recebe praticamente nada por isso. A empresa, por sua vez, afirma que todos os contratos assinados com a atriz já davam esse direito, sem precisar de nova autorização ou pagamento extra.
Esse caso vai muito além da disputa entre Maria Zilda e a Globo. Ele levanta uma questão importante: os contratos assinados no passado não previam o surgimento de projetos como o canal Viva (que passou a se chamar Globoplay Novelas) ou o Globoplay — plataformas que nem existiam quando essas novelas foram gravadas. Ou seja, hoje as emissoras continuam faturando com reprises e streaming, mas os atores que deram vida a essas histórias ficam de fora dessa conta.
Enquanto músicos recebem sempre que suas músicas tocam em qualquer lugar, os atores não têm a mesma proteção. Muitos acreditam que está mais do que na hora de mudar isso, já que a imagem dessas pessoas, quando usada, deveria se reverter numa remuneração para elas. Afinal, o público assiste a essas novelas por causa das atuações, mas quem ganha com isso são só as empresas.
Outros atores já tentaram brigar por esse direito e perderam; Sônia Braga é um exemplo. E isso acontece porque a Globo, na questão legal, jurídica, está protegida por um negócio que não protege os artistas.
O processo ainda está sendo julgado no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, mas pode abrir um caminho importante. Se Maria Zilda vencer, outros atores e atrizes podem também buscar receber mais pelas reprises de seus trabalhos. Mais do que isso: pode acelerar a criação de leis que garantam aos atores o mesmo tipo de proteção que os músicos já têm.
Por enquanto, a Justiça costuma dar razão à Globo, dizendo que vale o contrato que foi assinado, mesmo que tenha sido feito numa época em que o streaming nem existia. Mas o caso ganhou força, está sendo muito comentado e pode ajudar a mudar a forma como se pensa o direito dos artistas no Brasil.
Em resumo: Maria Zilda está lutando para que atores sejam mais bem pagos quando seus trabalhos antigos continuam fazendo sucesso. É uma briga difícil, mas necessária — e que pode mudar o mercado para muita gente.