Caso você frequente as casas de festa de Rio Branco, já deve ter se deparado com este nome, Lily. Sempre chamando atenção pelos seus sets com muito pop, house e “fritação”, a DJ de 28 anos já carrega um nome e é referência no meio musical da capital. Neste Dia Internacional da Mulher (08), o Contilnet conversa com a artista sobre sua trajetória, desafio e sonhos.
Início da festa
Sobre o seu início de carreira, Lily afirma que começou a tocar antes da pandemia. Porém, quando ocorreu, ficou parada. Sobre sua primeira vez no palco fala que, sem muita pretensão, foi chamada para fechar uma festa de uma amiga:
“Então, comecei a tocar em 2020, mas aí veio a pandemia, dei uma pausa, aí quando tudo “normalizou” voltei a tocar, meu primeiro job foi no Studio Beer, era um evento de uma banda de uma amiga”.
Logo após, foi chamada por uma produtora para tocar num evento maior, o que segundo ela, a deixou bastante apreensiva, pois havia muita gente. Mas deu tudo certo e Lily foi bastante elogiada e destacada na ocasião.
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O comeback aos palcos
A DJ ressalta que assim que a pandemia voltou, começou a tocar em diversas casas de festa da cidade, como Recanto e Studio Beer. Isto a auxiliou a ir ganhando renome e ser mais disputada e chamada para trabalhos na cidade.
Lily começou sua carreira como DJ antes de transicionar. Nesse sentido, ela afirma que a música teve um papel essencial no processo de se entender como um corpo travesti:
“A música foi fundamental. Artistas como Linn da Quebrada, Urias, Ventura Profana e outras foram essenciais nesse processo de me reconhecer como travesti. Teve um dia que eu parei pra ouvir o álbum “Trava Línguas” da Linn e eu me identifiquei, não é atoa que meu IG (Instagram) é Trava Lily, uma referência a esse álbum. A palavra “trava” já foi um termo pejorativo, e aí usar essa palavra como algo bom positivo, algo grandioso…”
Lily cita suas referências num momento importante para a representatividade trans e travesti. Historicamente, ligadas a retratos de violência na sociedade, como o caso recente da Miss Acre Trans que foi expulsa do banheiro por um segurança. Contudo, estes corpos vêm conquistando e ocupando espaços importantes de visibilidade.
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Como a deputada federal Erika Hilton ocupando o cargo de liderança parlamentar do partido PSOL no Congresso ou a cantora Liniker ganhando diversas premiações de música e atuação pelo Brasil. Lily é parte deste movimento de tomada de lugares e reconhecimento:
After e os sonhos de Lily
“Eu praticamente respiro música, sempre ouço artistas novos, artistas independentes para incluir no set. Fora dos sets é igual, sabe? Não paro de ouvir música”, afirma a DJ sobre a presença da música na sua vida.
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Lily sonha grande e sonha alto. Para o futuro, ela fala que:
“Minhas metas é me profissionalizar mais, para futuramente tocar num festival grande tipo Rock in Rio, Lollapalooza. Poder mostrar que a travesti pode estar aonde ela quiser, ser referência para outras, assim como muitas foram e são referências pra mim”, ressaltou.
Como mulher, Lily diz se sentir “privilegiada por ser a mulher que eu sempre sonhei em ser, embora os desrespeitos e falta de oportunidades, mas ainda assim, me sinto feliz por estar viva, fazendo o que sempre quis fazer”.
Para as que enxergam Lily como referência e as próximas DJs travestis que ainda vão tocar aqui em Rio Branco, Lily tem apenas um recado:
“Não aceitem tocar por um valor abaixo, seja imponente, tenha identidade, seja sempre você, não deixem que ninguém diminua você!”.