Carroceiro suspeito de matar João Miguel é preso e família aponta vingança

Antes de desaparecer, a criança teria pegado um cavalo do carroceiro emprestado para ir ao SIA e soltado o animal. A família acredita ter sido um acidente. O animal foi encontrado um mês depois no curral da Seagri e, para retirá-lo, o valor a ser pago era de R$ 2,5 mil

A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) prendeu, na tarde desta sexta-feira (27/9), um carroceiro de 19 anos, suspeito de envolvimento no assassinato do menino João Miguel, 10. O homem é conhecido da família da vítima. Ao Correio, familiares do menino apontaram que a causa do assassinato seria vingança por João Miguel ter perdido um cavalo de suspeito.

Em entrevista ao Correio, a mãe do suspeito confirmou a prisão do filho, mas afirmou que ele é inocente. O nome do suspeito preso não será divulgado para não atrapalhar nas investigações do caso.

O garoto João Miguel, desaparecido em 30 de agosto/Foto: PCDF/Divulgação

João Miguel ficou desaparecido por 15 dias após sair de casa para brincar na rua, no Setor de Inflamáveis. O corpo dele foi encontrado em 13 de setembro, em uma vala numa área de mata no Lúcio Costa, com as mãos amarradas e envolto em um lençol. Durante as investigações, a 8ª Delegacia de Polícia (Estrutural) colheu depoimentos de familiares, conhecidos e vizinhos do menino, que ajudaram a traçar o perfil dos envolvidos.

Após a descoberta do corpo, familiares de João Miguel começaram a suspeitar do carroceiro. O jovem, que trabalha fazendo fretes na região, costumava ter João por perto, já que o menino gostava de brincar com os cavalos dele. Uma familiar afirmou à reportagem que, após o corpo de João ser encontrado, o carroceiro e a família desapareceram da área onde costumavam ficar com os cavalos. “Eles ficavam sempre aqui em cima, mas em uma noite pegaram as coisas e não voltaram mais”, disse o familiar ao Correio.

Possível motivação

Segundo a família de João Miguel, o suspeito pode ter matado o menino por vingança. O motivo teria sido um incidente ocorrido antes do desaparecimento de João, quando um dos cavalos do suspeito sumiu. No dia do ocorrido, o suspeito teria emprestado o cavalo a João para que ele o acompanhasse até o Setor de Indústria e Abastecimento (SIA), junto à namorada do suspeito, uma adolescente de 16 anos. Durante o trajeto, João teria soltado o cavalo, o que a família da vítima acredita que foi um acidente, mas o carroceiro acreditava ter sido proposital.

Um mês depois, o cavalo foi localizado no curral da Secretaria de Agricultura, Abastecimento e Desenvolvimento Rural (Seagri), mas, para retirá-lo, o suspeito teria que pagar R$ 2,5 mil. Após o episódio, João Miguel foi ameaçado de morte, segundo familiares. A família também notou que a corda usada para amarrar João Miguel era semelhante à usada para amarrar o cavalo, o que reforçou as suspeitas contra o carroceiro.

Dias após o corpo ser encontrado, a reportagem esteve na casa da mãe do suspeito, onde um dos irmãos dele confirmou que a polícia havia o levado para prestar depoimento. Na delegacia, um motorista de aplicativo que aguardava ser chamado para depor mencionou ter transportado uma passageira que sabia da identidade do assassino, e que se tratava de um carroceiro.

As investigações continuam em sigilo. A reportagem tenta localizar a defesa do suspeito.

Em nota, a Polícia Civil informou que a prisão foi cumprida com o objetivo de complementar as investigações em andamento. “A medida tem caráter investigativo e visa a confirmar ou descartar os indícios apurados pela equipe policial até o momento. Ressalta-se que o indivíduo está sendo tratado como suspeito e, portanto, ainda não é apontado como autor do crime”, finalizou.

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