Promovida pela ONU (Organização das Nações Unidas), a COP30, a ser realizada entre os dias 10 e 21 de novembro de 2025, em Belém, a capital do Pará, que deverá debater principalmente meio ambiente e mudanças climáticas, terá um público disposto a tudo para se contrapor às Organizações Não Governamentais (ONGs), que funcionam como uma espécie de braço do Ministério do Meio Ambiente do Brasil ao redor do mundo.
São os produtores rurais da Amazônia, representados por suas organizações de classe, que vão debater investimentos em políticas para o setor e oportunidades de diálogo e participação do movimento contra narrativas ambientalistas promovidas por ONGs, grande parte da mídia internacional e governos federais e estaduais.
O movimento, agora denominado Produtores Rurais Independentes da Amazônia, representa quase 1 milhão de produtores, responsáveis por uma parcela substancial da produção agropecuária brasileira e, ao mesmo tempo, por uma preservação ambiental de mais de 80% da floresta amazônica em suas propriedades.
Dados divulgados pelo movimento mostram que 84% da floresta amazônica estão preservados em território brasileiro, o que faz do Brasil uma das nações com a maior área de cobertura vegetal nativa do planeta.
Isso se deve, em grande parte, ao compromisso dos produtores rurais que mantêm 80% de suas propriedades como áreas de preservação legal, conforme o Código Florestal. Em contraste, a Amazônia também é líder em produtividade agropecuária, vão mostrar os produtores.
A região abriga aproximadamente 90 milhões de cabeças de gado, cerca de 40% do rebanho bovino nacional, o que faz do Brasil o maior exportador de carne bovina do mundo. Além disso, a Amazônia tem se destacado na produção de soja, um dos principais produtos agrícolas do país, sendo fundamental para o superávit da balança comercial brasileira.
A participação do agronegócio da Amazônia é significativa tanto no PIB da região quanto no PIB nacional. O setor é responsável por uma contribuição de 8% ao PIB da Amazônia Legal, representando cerca de R$ 350 bilhões, consolidando-se como um dos maiores pilares econômicos do Brasil.
Os produtores tentarão mostrar que há desigualdade nas exigências de preservação ambiental. Enquanto os produtores da Amazônia precisam preservar 80% de suas propriedades, outras regiões do Brasil têm exigências menores. No Sul e Sudeste, por exemplo, é permitido utilizar até 80% das terras para produção.
No cenário internacional, a disparidade é ainda maior, com países como a França que não possuem exigências rigorosas de preservação ambiental em suas propriedades.
Essa realidade cria uma inequidade entre os produtores brasileiros e o resto do mundo, prejudicando aqueles que têm o duplo papel de produzir e preservar.
O movimento vai denunciar que, ao longo das décadas, os governos brasileiros não cumpriram suas obrigações estipuladas no Código Florestal, especialmente no que diz respeito à regularização ambiental e fundiária. Muitos produtores aguardam há anos pela regularização de suas propriedades, sem receber incentivos adequados para continuar preservando grandes porções da floresta.
Entre as obrigações governamentais que não foram cumpridas, destaca-se a implementação de programas de compensação para os produtores que preservam, bem como políticas de incentivo para quem mantém reservas legais acima do exigido. Além disso, a regularização fundiária continua sendo um problema crônico, deixando os produtores rurais em situação de insegurança jurídica. Isso cria a necessidade de críticas ao Fundo Amazônia e à interferência internacional.
Os Produtores Rurais Independentes da Amazônia criticam o modelo de financiamento internacional adotado pelo Fundo Amazônia, que recebe bilhões de dólares de países que estão entre os maiores poluidores do mundo. Essas nações, em troca de suas doações, obtêm certificados de compensação para continuar suas atividades poluentes, enquanto as ONGs que recebem esses recursos não trazem resultados práticos para a preservação da Amazônia.
“Nunca vimos um projeto realizado por ONGs, patrocinado pelo Fundo Amazônia, que efetivamente trouxesse um resultado prático de preservação e desenvolvimento sustentável”, afirmam os representantes do movimento, em manifestos que começam a circular na região.
Para eles, o verdadeiro culpado pela poluição global não são os produtores rurais da Amazônia, mas os países que utilizam esses mecanismos para “limpar” suas emissões sem resolver os problemas ambientais globais. O movimento se posiciona como uma força de diálogo e conciliação, e não de confronto.
Segundo o advogado Vinícius Borba, que é um dos idealizadores do movimento, busca-se não um confronto de narrativas ou políticas, mas sim um diálogo igualitário. O movimento pede a suspensão imediata de programas como o TAC da Carne, rastreabilidade bovina, Prodes, embargos, desapropriações, desintrusões e apreensões de gado.