Oito anos após o corpo de um homem ter sido encontrado em Fernandópolis, interior de São Paulo, a Polícia Civil conseguiu descobrir sua identidade e a família, do Mato Grosso do Sul, foi finalmente comunicada sobre a perda. A identificação foi possível graças à reabertura do inquérito sobre o caso, como parte de um projeto pioneiro na corporação.
Segundo a polícia, o homem havia sido encontrado morto em um banco da Praça da Aparecida (foto de destaque), em Fernandópolis, no dia 24 de dezembro de 2016. Os laudos da época indicam que ele morreu de causas naturais.
As investigações não avançaram na ocasião porque o homem não portava documentos. A descrição do boletim de ocorrência informava apenas que ele vestia “uma camiseta vermelha, com estampas em formato de cavalos pretos, bermuda jeans, sapatos sem meias, com argola de chaveiro no dedo médio da mão esquerda, com 1,70 de altura”.
Esgotadas as tentativas de identificação, o “caso do homem da Aparecida”, como ficou conhecido, acabou arquivado em novembro de 2017.
Projeto Humanidade 21
O cenário mudou em outubro deste ano, quando o inquérito sobre a morte do até então desconhecido foi desarquivado pelo delegado Everson Contelli, titular da Seccional de Fernandópolis, no âmbito do projeto Humanidade 21.
A iniciativa, deflagrada pela Polícia Civil no interior do Estado, teve início há um ano e tem por objetivo identificar pessoas enterradas como desconhecidas por meio de ferramentas e tecnologias indisponíveis na época de suas mortes.
As novas técnicas de investigação incluem análise de DNA, inteligência artificial, bancos de dados e softwares forenses, entre outros. “Esse etapa pode levar semanas ou meses, até que se chegue a uma identidade”, explicou o delegado Contelli.
No caso do “homem da Aparecida”, as investigações descobriram se tratar de um indivíduo nascido em julho de 1975 — que, se vivo, teria hoje 49 anos —, natural de Coxim (MS). Familiares, que nunca souberam o que havia acontecido com o parente, foram localizados em Campo Grande e cidades do interior do Mato Grosso do Sul.
No momento, a identificação do homem encontra-se na fase de obtenção da certidão de óbito. “A certidão é emitida tão logo os bancos de dados nacionais são atualizados e o Cartório de Registro Civil é notificado”, diz Contelli.
“Esse é o ponto mais importante do projeto, porque se atribui dignidade à morte, dignidade à família do falecido, encerrando um ciclo na vida dessas pessoas”, afirma o delegado.
Até agora, o projeto Humanidade 21 identificou quatro pessoas que haviam sido enterradas como desconhecidas. O programa funciona em três regiões de São Paulo: Fernandópolis, Presidente Prudente e São José do Rio Preto.