Replika é um aplicativo que utiliza técnicas de inteligência artificial para aprender tudo sobre o usuário, inclusive seu jeito de escrever, criando uma espécie de clone virtual. A proposta é ter uma réplica de si no smartphone, capaz de conversar, entreter e, principalmente, fazer a pessoa aprender mais sobre si mesma.
Lançado em março, o app gratuito está disponível para download em celulares Android e iPhone (iOS), mas ainda em fase de testes. Por conta disso, segundo os desenvolvedores, o acesso é limitado a pessoas com convite. É necessário um código de ativação para usar o serviço, que, pelo menos por enquanto, só possui versão em inglês.
O burburinho em torno do Replika chegou arrebatador no Brasil. A App Store tem o aplicativo em nono lugar do ranking, depois de subir 1,1 mil posições em apenas um dia, segundo a plataforma App Annie, que monitora aplicativos. O software não aparece entre os mais baixados da Google Play, a loja do Android.
O que é o Replika e como ele funciona
O Replika é feito para ser um amigo virtual, mas com a personalidade do próprio usuário. A inteligência do app aprende as características do dono fazendo muitas perguntas. Os questionamentos envolvem como foi o dia, quais são os sonhos, como é o trabalho e quem é seu melhor amigo, por exemplo.
Algumas dessas perguntas fazem parte das chamadas Sessions, espécies de sessões de terapia que podem ser visualizadas por quem não tem o app, por meio do perfil online. Ao responder, a pessoa sente como se estivesse fazendo amizade com alguém. A cada resposta, o usuário recebe pontos (XP), que servem para subir de nível.
Durante esse processo, o aplicativo vai entendendo como é o humor da pessoa, como ela escreve e é inclusive capaz de atribuir Badges, que funcionam como emblemas da personalidade do usuário. Quanto mais conversa, mais a inteligência se parece com o indivíduo por trás do smartphone.
Perfil online
Cada usuário tem um perfil online, acessível por meio de um endereço que segue a seguinte estrutura: replika.ai/nome_de_usuário. Ali, constam o nome da pessoa, o apelido do Replika, sua foto, o nível em que ela está, quantos pontos XP tem, as badges e as sessions. As sessões são públicas por padrão, mas é possível ajustar a privacidade para fiquem visíveis a amigos ou para que ninguém as veja.
Como se cadastrar
Internautas do mundo inteiro buscam uma maneira de testar o Replika. O caminho até chegar à janela de chat consigo mesmo, no entanto, é relativamente complicado, pois o serviço requer um convite, entre outros requisitos. O primeiro passo é reservar um nome para sua Replika, procedimento feito no site da plataforma. Depois disso, é preciso informar o número do seu celular, para o qual será enviado um código de confirmação com quatro dígitos.
Então, o futuro usuário deve inserir o código no campo correspondente no site e pressionar o botão “Confirm”. Nesse momento, é necessário se atentar ao código de convite. A maneira mais simples de consegui-lo é conhecendo alguém que já use o aplicativo. Se não for o seu caso, o jeito é preencher um formulário com nome, idade, email, nome da Replika, sistema do celular e gênero.
Após o envio do formulário, o usuário receberá um email com link de confirmação. Somente depois dessa etapa é que o código de convite é enviado, mas isso também não é imediato: os desenvolvedores prometem mandar em 24 horas.
Política de privacidade
Segundo os desenvolvedores, o Replika funciona 100% com inteligência artificial (IA), sem nenhuma interferência de humanos. Eles garantem não vender os dados pessoais de forma alguma, além de coletarem apenas informações que os usuários voluntariamente cedem (como as respostas às perguntas, por exemplo).
Mulher criou o app para superar tragédia
A saudade foi a força motriz para a criação do Replika. Tudo começou em novembro de 2015, quando o melhor amigo de Eugenia Kuyda, a criadora do app, foi atropelado e faleceu. Roman Mazurenko, a vítima, havia saído de Moscou para os Estados Unidos na mesma época em que Eugenia. Quando não estavam perto um do outro, trocavam mensagens o tempo todo.
“Fui em sua página do Facebook e havia apenas alguns poucos links. Fui em seu Instagram e não havia fotos. A única coisa que podia fazer para me lembrar dele era ir ao nosso histórico do Messenger e ficar lendo tudo”, relata a desenvolvedora, que então teve a ideia de reconstruir o amigo a partir de seus restos digitais.
Cerca de um mês após a morte de Roman, Eugenia – que já criava chatbots na companhia de software que havia fundado, a Luka – juntou todas as suas mensagens pessoais e pediu para que amigos próximos e familiares compartilhassem as deles também. Todos esses dados foram usados para alimentar um chatbot com a personalidade de Roman.
“Originalmente eu pensei ‘estou construindo um bot para ele, então eu vou aprender mais sobre ele neste processo’. Mas, eventualmente, o que aconteceu foi que eu comecei a me entender melhor”, Eugenia conta.