Faleceu, no início desta noite de quarta-feira (25), em Brasília (DF), aos 80 anos de idade, o ex-prefeito de Cruzeiro do Sul, ex-deputado federal e ex-senador constituinte Aluísio Bezerra de Oliveira. Natural de Cruzeiro do Sul, era um dos mais atuantes militantes do MDB desde a época da ditadura militar e chegou a ser um dos políticos mais influentes do Acre. O governo do acre, por decisão do governador Gladson Cmeli, decretou luto oficial no Estado por três dias em memória do político falecido.
Amigo de Ulysses Guimarães, ele foi um duro adversário do regime militar que governou o país de 1964 até 1985. Um dia sonhou ser governador do Acre, mas não esteve nem perto de realizar seu sonho. Era apontado como um dos grandes oradores da política acreana, em todos os tempos.
Advogado, com passagens pela Sobone, de Paris, uma das universidades mais importantes do mundo, Aluísio Bezerra, apelidado carinhosamente de “Carcará” pelos amigos e também pelos adversários, vinha doente fazia quase década, após sofrer seguidos AVCs (Acidentes Vasculares Cebrais). Havia perdido parte da fala e andava de cadeira de rodas ultimamente, mas continuava lúcido e intelectualmente ativo.
Bezerra se orgulhava de ter nascido às margens do rio Juruá e ser filho do seringueiro Manuel Bezerra da Cunha, Sua mãe foi a dona de casa tília Oliveira da Cunha. Antes de se tornar deputado federal, ingressou na Câmara dos Deputados em 1964, como técnico legislativo. Formado em Direito pela Universidade de Brasília em 1969, com especialização pela mesma instituição em 1973, também se formou em Administração pelo Centro de Ensino Unificado de Brasília.
Era militante do clandestino PCdoB, mas por causa da clandestinidade isso ingressou no MDB. Em 1974, foi eleito primeiro suplente de deputado federa e um ano depois fundou o diretório municipal do MDB em Cruzeiro do Sul, sendo seu primeiro presidente. Seguiu então para Paris onde obteve o título de doutor em Direito Internacional e relações políticas internacionais na Sorbonne, Universidade de Paris em 1978.
De volta ao Brasil no mesmo ano, elegeu-se deputado federal pelo MDB do Acre e com o fim do bipartidarismo, em novembro de 1979, compôs a chamada ala histórica do MDB. Com o apoio de integrantes do PCdoB e do PCB elegeu-se mais uma vez deputado federal em 1982. Votou pela Emenda Dante de Oliveira e depois, no Colégio Eleitoral de 1985, em Tancredo Neves. Em 1986, foi eleito senador pelo Acre.
Em junho de 1988, durante a Assembleia Constituinte de 1988, admitiu ter votado pelos cinco anos de mandato para José Sarney em troca da inclusão de um pedido de liberação de verbas para a construção da Rodovia Transcontinental, que ligaria o Acre ao Peru. No julgamento de 29 de dezembro de 1992 votou pelo impeachment de Fernando Collor. Tentou a reeleição em 1994, mas não obteve êxito. Em 1996, elegeu-se prefeito de Cruzeiro do Sul. Tentou a reeleição, em 2000, mas não obteve êxito tambem. Encerrado seu mandato, passou a apoiar à carreira política de sua mulher, Zila Bezerra, três vezes deputada federal pelo Acre e eleita prefeita de Cruzeiro do Sul em 2004.
Deia a irmã Alélia Bezerra e uma filha. A família ainda não revelou onde será o velório e se o sepultamento será no Acre ou em Brasilia.