Quando voltaremos a navegar: os cruzeiros depois do novo coronavírus

Durante a pandemia do novo coronavírus, as cenas de passageiros que não podiam deixar os transatlânticos estão entre as que mais aterrorizaram viajantes pelo mundo afora. A crise atingiu em cheio o setor do turismo, mas, enquanto companhias aéreas, hotéis, parques temáticos e outras atrações retomam aos poucos as atividades, os grandes navios de passageiros permanecem atracados em incertezas — muitos ainda com tripulantes a bordo, em quarentena, sem poder desembarcar. Quando e como voltarão a navegar são questões ainda sem resposta por parte das próprias empresas de cruzeiros marítimos e autoridades do setor. Para os médicos, no entanto, este tipo de viagem deve ser adiada ao máximo, até um controle maior da Covid-19.

Desde abril, não há novos cruzeiros. Ainda assim, a maioria das companhias prevê a volta aos mares nos próximos dois meses. MSC e Costa Cruzeiros, as duas companhias com maior presença no mercado brasileiro, estenderam a suspensão de suas atividades até 31 de julho. Empresas como Royal Caribbean, Celebrity, Norwegian Cruise Line e Regent Seven Seas apostam em 1º de agosto para o retorno.

Essas datas, porém, têm sido constantemente alteradas, adaptando-se à realidade da pandemia. No Brasil, a temporada de cruzeiros 2020/2021, a princípio, está mantida, com início previsto para novembro. Muito cedo, na avaliação de Flávia Bravo, coordenadora do Centro Brasileiro de Medicina do Viajante:

— O ambiente fechado de um navio é extremamente favorável à disseminação de vírus como este. Como médica, eu diria para não planejar um cruzeiro nos próximos meses, principalmente no Brasil, onde as projeções apontam para um período ainda mais longo da epidemia.

Infectologista do Hospital Albert Einstein, em São Paulo, Helio Bacha é outro que aconselha esperar mais:

— A única medida comprovada é o distanciamento social. Que é o contrário do que acontece em viagens deste tipo, quando as pessoas buscam justamente o convívio.

O que deve mudar

Parte da desconfiança vem do fato de o setor ainda não ter protocolos claros de segurança sanitária a serem adotados por companhias de cruzeiros e autoridades portuárias. As novas normas estão sendo trabalhadas pela Associação Internacional de Empresas de Cruzeiros (Clia, na sigla em inglês) e suas afiliadas.

Para além de procedimentos como intensificação da limpeza de cabines e áreas comuns, medição de temperatura de passageiros e tripulantes e delimitação de maior distanciamento entre pessoas a bordo, mudanças significativas deverão ocorrer.

Uma delas acontecerá no serviço de alimentação. Os bufês self-service serão substituídos por um sistema de refeições particionadas, com os alimentos servidos já montados dentro de recipientes fechados. Algumas desses processos estão sendo testados em navios usados pelo governo de Cingapura como abrigo de trabalhadores estrangeiros que se recuperam da Covid-19.

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Outra importante adaptação, pelo menos num primeiro momento, será a redução na capacidade dos navios, projetados para comportar cada vez mais pessoas. Shows, piscinas, parques aquáticos e outras áreas de lazer devem funcionar também com lotação reduzida. Tecnologias contactless, para dispensar o cartão usado a bordo, também devem ser aprimoradas.

O planejamento dos roteiros também deve ser afetado. A tendência é que roteiros mais curtos e dentro de um único país, sejam valorizados. Por exemplo, cruzeiros de quatro e cinco dias somente no litoral da Itália ou Espanha, podem ser mais seguros.

A indefinição sobre o futuro levou as empresas a investirem em promoções com regras de cancelamentos bastante elásticas, com possibilidade de remarcação para ao longo de 2021 e, em alguns casos, 2022.

— As condições estão boas para quem quer planejar viagens futuras. O consumidor sabe que algumas coisas mudarão — diz Aldo Leone, sócio da agência Agaxtur. — A certeza é que serão navios mais limpos e seguros do que antes.

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