Governo estuda zerar tarifas de importação de mais 11 produtos para combater inflação

Com uma inflação de dois dígitos e sem perspectiva de trégua, mesmo com as sucessivas altas dos juros decididas pelo Banco Central, o Ministério da Economia estuda mais uma rodada para zerar as tarifas de importação.

Desta vez, a lista seria formada por 11 produtos, incluindo itens usados na construção civil, como material siderúrgico. O aço tem sido apontado como vilão pelas empresas de construção civil, que pedem para o governo facilitar o ingresso de vergalhões importados, por exemplo, no Brasil.

A medida deve ser discutida, na quarta-feira, pelo Comitê Executivo da Câmara de Comércio Exterior (Gecex). Só a partir daí poderá ser tomada uma decisão a respeito.

Também deverá entrar em pauta na reunião mais uma rodada de diminuição, em 10%, da Tarifa Externa Comum (TEC) do Mercosul, que está em negociação com os demais sócios do bloco.

Outra medida, que não depende da concordância de Argentina, Paraguai e Uruguai, seria a queda de 10% das alíquotas de bens de capital, informática e telecomunicações.

Em 21 de março deste ano, o governo fez a primeira tentativa para combater a inflação, ao zerar o Imposto de Importação do etanol e de seis alimentos da cesta básica: macarrão, óleo de soja, margarina, queijo e açúcar refinado.

Na época, a equipe econômica projetava um impacto no preço da gasolina — em que é acrescido álcool anidro — de R$ 0,20.

Desoneração ainda não baixou preços

Ao reduzir o Imposto de Importação, o governo tenta forçar a queda dos preços, por meio do aumento do ingresso de produtos importados. Mas representantes de setores, como os de café e óleo de soja, ouvidos pelo GLOBO disseram que não houve impacto significativo nas importações.

As tarifas zeradas em março vão vigorar até o fim deste ano. Segundo o governo, a renúncia fiscal estimada seria de cerca de R$ 1 bilhão.

No caso do Mercosul, a primeira rodada de redução da TEC ocorreu em novembro do ano passado, de forma unilateral. A pedido da Argentina, foram excluídos produtos considerados sensíveis para os vizinhos, como como automóveis, autopeças, laticínios, têxteis, pêssegos e brinquedos. Na época, o Ministério da Economia projetava uma diminuição do nível de preços em 0,3% a longo prazo.

Uma fonte da área econômica comentou que, hoje, os uruguaios vêm se posicionando contra a medida, por não terem conseguido o apoio formal do Brasil para negociarem acordos em separado com países que não fazem parte do Mercosul. Um desses mercados é a China.

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