TCE no Acre emite nota lamentando morte de Bruno Pereira e Dom Phillips

Em nota publicada e enviada à imprensa nesta quinta-feira (7), o Tribunal de Contas do Estado (TCE), por meio do presidente Ronald Polanco Ribeiro, lamentou a morte do indigenista Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips.

NOTA DE SOLIDARIEDADE

DO TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO ACRE SOBRE A MORTE DO INDIGENISTA BRUNO PEREIRA E DO JORNALISTA DOM PHILLIPS

O TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO ACRE expressa tristeza pelo trágico e brutal assassinato do Indigenista Bruno Pereira e do Jornalista britânico Dom Phillips que perderam suas vidas lutando pelo meio ambiente e pela cultura dos povos indígenas da Amazônia brasileira.

Suas mortes acirraram as críticas no cenário nacional que ecoaram ao restante do mundo sobre o descaso do poder público com a gestão ambiental no Brasil. Desde o assassinato de Chico Mendes, em 1988, não se via tamanha comoção de diversos setores e esferas da sociedade.

Bruno e Dom Phillips lutavam pelo resgate da importância do homem numa perspectiva de ocupação do espaço amazônico associada à conservação do meio ambiente, onde são levados em consideração os aspectos sociais, culturais e econômicos das populações locais (seringueiros, ribeirinhos, quilombolas, caboclos e pequenos produtores rurais).

O atual modelo padrão de desenvolvimento do governo brasileiro é a utilização em larga escala dos recursos naturais de forma indiscriminada utilizando-se da máxima do “progresso” a qualquer custo, incitando garimpeiros, madeireiros, dentre tantos outros, a agirem ilegalmente, ao invadirem áreas protegidas, mesmo que o preço seja a perda de vidas e a degradação irreparável do meio ambiente.

O modelo não leva em consideração os limites e os problemas advindos da utilização massiva dos recursos naturais e o desgaste do meio ambiente em geral.

Desconhecem, ou não querem perceber que existem outras atividades econômicas na Amazônia, baseadas na extração de produtos da floresta, na agricultura, na criação de animais domésticos, assim como na industrialização destes produtos, que são desenvolvidas atendendo os critérios de sustentabilidade e de retorno social. Só no Acre, são mais de 40 mil pequenas propriedades com essas características.

O Estado brasileiro precisa regular fortemente aspectos do meio ambiente ligados à lógica da acumulação capitalista e do modo de uso da natureza. O cálculo econômico privado das empresas precisa levar em consideração as condições globais do ecossistema e não somente os elementos mercantis, que se expressam através do sistema de preços.

A morte do Bruno e de Dom Phillips, não foi um caso isolado ou pontual, mas é a parte “visível” do desmantelamento das instituições de planejamento, gestão, comando e controle do Estado brasileiro.

Suas vidas foram interrompidas abrupta e brutalmente, expondo a sociedade a falência do Estado Democrático de Direito, o retrocesso das conquistas de povos tradicionais da Amazônia e a dor das famílias e entes queridos de Bruno Dom Phillips.

Que suas mortes não sejam em vão. Mas enquanto isso, todos nós choramos e enlutados, esperamos e agiremos por dias melhores. Que a mudança inicie primeiramente em cada um de nós, até que o Estado nos ouça e mude sua postura e política desenvolvimentista arcaica e falida.

07 de julho de 2022, Rio Branco – Acre.

Ronald Polanco Ribeiro

Presidente do Tribunal de Contas do Estado do Acre

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