O presidente Jair Bolsonaro (PL) deseja se encontrar com ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) no Palácio da Alvorada ainda nesta terça-feira antes de fazer um pronunciamento sobre o resultado das eleições. Magistrados, contudo, resistem em se reunir com Bolsonaro até que ele reconheça a derrota nas urnas para Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Integrantes da Corte marcaram uma conversa para esta tarde para discutir se aceitam ou não o convite do presidente.
De acordo com interlocutores, o presidente quer falar sobre a eleição, mas não há indicativo que resistirá ao resultado das urnas. No entanto, desde domingo Bolsonaro se mantém isolado e ainda não fez qualquer declaração reconhecendo a derrota. Enquanto isso, grupos de apoiadores interditam vias em ao menos 22 estados e no Distrito Federal em contestação ao resultado. O silêncio do presidente tem sido citado por esses manifestantes como sinal de que a derrota não deve ser aceita.
Um ministro do Supremo ouvido reservadamente disse ao GLOBO ter recebido o convite para a reunião no Alvorada, mas que não irá comparecer. Segundo esse magistrado, qualquer encontro deveria ocorrer mediante a divulgação de uma pauta pública, com antecedência, e deve ter um caráter institucional. Ainda de acordo com esse integrante da Corte, qualquer reunião que ocorrer com a Presidência da República deverá ser feita para tratar de uma transição democrática, e não ser convocada de última hora.
De acordo com um segundo magistrado, que também disse ter sido consulta sobre o assunto, a reunião está “em tratativas”. Ao menos dois dos ministros, Ricardo Lewandowski e André Mendonça, estão fora de Brasília.
Bolsonaro passou a manhã inteira no Palácio da Alvorada. O presidente recebeu diversos ministros do governo, entre eles Ciro Nogueira (Casa Civil), Paulo Guedes (Economia), Paulo Sérgio Nogueira (Defesa) e Bruno Bianco (Advocacia-Geral da União).
O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, chegou à residência oficial às 10h30.
Também estiveram no Alvorada o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), que coordenou a campanha à reeleição do pai, e o deputado federal Hélio Lopes (PL-RJ).