Dia do Evangélico e do Católico: feriados marcam ‘guerra santa’ na Aleac; entenda

O Dia do Evangélico, feriado estadual no calendário do Acre, comemorado neste dia 23 de janeiro (segunda-feira), é resultado de uma espécie de guerra santa e surda entre religiosos com poder político e assento na Assembleia Legislativa do Estado do Acre (Aleac).

A data foi criada em 2010 pelo então deputado Helder Paiva. Em seguida, em 2016, o atual deputado Manoel Moraes criou o Dia do Católico – no mesmo dia em que se comemora a festa de São Sebastião, no 20 de janeiro. 

O Dia do Evangélico é uma lei de autoria do deputado Helder Paiva (PP). A proposta  recebeu votos favoráveis de 17 dos 24 parlamentares acreanos e foi sancionado pelo então governador petista Binho Marques, em 2010. Em resposta, o deputado Manoel Moraes (ex-PSB e hoje no PP) apresentou a proposta à lei similar de autoria de Helder Paiva.

De acordo com Manoel Moraes, o projeto foi inspirado pelo Dia do Evangélico. “Tem Dia do Evangélico, nós respeitamos, mas a igreja católica é que ajudou a construir o Brasil desde o início, em tudo que tem de bom e não tem o reconhecimento”, justificou, na época.

O deputado mantém a mesma defesa do projeto nos dias atuais. Ele disse também que, apesar da existência de outros feriados instituídos pela Igreja Católica, nenhum faz jus à doutrina. Ele ainda reconhece que a criação de mais um feriado pode prejudicar a economia.

“Na verdade quando se fala em feriado é sempre ruim para um país que precisa que as pessoas trabalhem. Agora tem outras datas como a Semana Santa e o Natal, mas nenhuma faz reconhecimento”, comenta.

Moraes explica ainda a data escolhida para a celebração, segundo ele, é em alusão ao dia de São Sebastião, padroeiro do município acreano de Xapuri. “É um dia de grande movimentação do Acre”, explica.

Além de críticas de praticantes de outras religiões, como as de matriz africana ou mesmo da Doutrina do Santo Daime, que não têm data de celebração nem feriados, as propostas de celebração dessas datas não é bem vista nem mesmo por membros da Igreja Católica. O padre Massimo Lombardi, o ex-reitor da Diocese de Rio Branco e hoje pároco no bairro Cidade do Povo, é crítico da proposta.

“Existe o Dia da Consciência Negra para lembrar esses povos que tanto sofreram, o Dia da Mulher, porque ela tem que ser mais valorizada. O Católico não precisa de um dia. Nós católicos somos felizes e não temos nada para reivindicar”, afirma o padre.

A crítica, entretanto, não abala o parlamentar. “Digo com sinceridade, minha esposa e filha são evangélicas, mas não consigo entender como se cria o dia do evangélico e não se cria o do católico”, defende.

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