Morre Amazonino Mendes, ex-governador do Amazonas; governador do Acre manifesta pesar

O ex-governador do Amazonas, Amazonino Mendes, faleceu neste domingo (12), em São Paulo, aos 83 anos de idade. Ele estava internado no Hospital Sírio Libanês, em São Paulo, desde o dia 25 de dezembro. Estava filiado ao Cidadania, pelo qual em 2022 disputou o Governo amazonense pela quinta vez.

Sua mãe, dona Francisca Gomes Mendes, era natural do Acre, nascida num seringal da zona rural de Feijó. O pai, Armando Mendes, era amazonense. O governador do Acre, Gladson Cameli (PP), emitiu nota de pesar pelo falecimento do político.

Natural de Eurinepé, Amazonino Mendes era advogado e foi prefeito de Manaus e governador do Amazonas por quatro vezes. O político deixa três filhos.

Seu quadro de saúde se agravou ao longo dos últimos anos. Por conta da idade, o político, nas eleições de outubro de 2022, chegou a reduzir a agenda de campanha e evitou grandes mobilizações no interior do estado. Não foi nem ao segundo turno do pleito.

Em novembro do ano passado, Mendes foi internado pela primeira vez para tratar uma crise de diverticulite – inflamação no intestino grosso – e uma pneumonia. Na época, o ex-governador chegou a ser levado para uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI), mas com a melhora foi transferido para um quarto. Ele teve alta no dia 6 de dezembro.

Logo depois, no dia 18 de dezembro, Amazonino chegou a passar por uma consulta médica após voltar a apresentar problemas respiratórios. Na ocasião, havia a expectativa de que o político voltasse para Manaus, para passar o Natal com a família. No entanto, por orientação médica, permaneceu em São Paulo. Com quadro piorado com os problemas respiratórios, voltou a ser internado no dia 25 de dezembro. Lá, ainda chegou a receber uma visita do presidente Lula, que passava por exames de rotina antes da posse.

Amazonino Armando Mendes nasceu em 16 de novembro de 1939. Se formou em direito pela Universidade Federal do Amazonas (Ufam) e fez longa carreira política dentro do estado atuando quatro vezes como governador do Estado, uma vez como senador e três vezes como prefeito de Manaus.

Em abril de 1983, iniciou a carreira política ao ser nomeado prefeito da capital. Em seu mandato, deu especial atenção à urbanização dos bairros periféricos. Logo em seguida, em 1987, Amazonino iniciou o primeiro mandato como governador. Entre 1991 e 1992, exerceu o cargo de senador da República.

Em 1994, Amazonino foi novamente eleito governador do Amazonas, já no primeiro turno. Depois foi reeleito em 1998. Em seu governo, criou o polo graneleiro de Itacoatiara (AM) e a Companhia de Gás do Amazonas (Cigás). Implantou também o programa denominado Terceiro Ciclo, destinado a promover o desenvolvimento do interior do estado através da produção de grãos.

Amazonino também criou a Universidade do Estado do Amazonas (UEA), em 2001. No mesmo mandato intensificou a construção de escolas e postos de saúde pelo estado. Ao fim do mandato, em 2003, ficou fora dos holofotes até 2008, após amargar derrotas em tentativas de eleições para prefeitura e governo entre 2004 e 2006.

Em 2008 foi eleito novamente à prefeitura, desta vez em uma candidatura polêmica e sob muitas críticas de órgãos. Ele chegou a ser cassado após ele e seu vice Carlos Souza serem julgados por compra de votos e captação ilícita de recursos para campanha eleitoral. Os advogados recorreram da decisão e Amazonino tomou posse em 2009.

Em 2011, durante o mandato como prefeito, o político protagonizou uma polêmica com uma moradora de uma comunidade carente de Manaus, onde morreram uma mulher e duas crianças soterradas sob um barranco.

Na época, Mendes disse que as pessoas na comunidade Santa Marta, na Zona Norte da capital amazonense, ajudariam a prefeitura “não fazendo casas onde não devem”, ao que a moradora não identificada retrucou: “Mas a gente está aqui porque não temos condição de ter uma moradia digna”. O prefeito respondeu: “Minha filha, então morra, morra”.

Em 2017 voltou a assumir o Governo do Amazonas após eleições suplementares para substituição do então governador José Melo e do vice Henrique Oliveira. Tentou a reeleição em 2018, mas foi derrotado pelo estreante Wilson Lima. No fim de sua trajetória política amargou outras duas derrotas: uma em 2020 para um novo mandato à frente da Prefeitura de Manaus, e em 2022, a última vez que concorreu ao governo do estado.

Amazonino também foi o criador e presidente do Forum dos Governadores da Amazônia. Também foi o mentor, em 1987, do Instituto Superior de Estudos da Amazônia (ISFA), e, posteriormente, foi eleito presidente do órgão por unanimidade pelos Governadores dos estados integrantes da Amazônia Legal, além de diretor e professor do curso de Direito Rodoviário, ministrado no Departamento de Estradas e Rodagem do Amazonas (DER-AM).

Nota de Pesar do Governo do Acre

Em nota assinada pelo governador Gladson Cameli, em nome do povo acreano, o governo do Acre manifesta pesar pelo falecimento do político. Veja anota a seguir.

O Governo do Estado do Acre lamenta profundamente o falecimento de seu Amazonino Mendes, aos 83 anos, ocorrido neste domingo, 12, em São Paulo.

Natural de Eirunepé, no Amazonas, Amazonino Mendes atuou como prefeito de Manaus e governador do Amazonas. Foi um político de grande influência e contribuiu muito para o desenvolvimento de seu estado.

Deixou como grande legado a criação da Universidade do Estado do Amazonas (UEA) e também o fato de ter tirado o Amazonas de um isolamento secular.

Que neste momento de dor, os sentimentos de fé e solidariedade sejam fontes de consolo à família enlutada.

Gladson de Lima Cameli
Governador do Estado do Acre

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