Clientes acusam Suzane von Richthofen de “vender gato por lebre”

Suzane von Richthofen prometia fazer, ela mesma, itens personalizados e artesanais em seu e-commerce, mas clientes reclamam que não era ela

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Divulgação

Desde que passou a cumprir pena em liberdade, em janeiro de 2023, Suzane von Richthofen tem trabalhado como microempresária em seu ateliê de costura, a Su Entrelinhas. A ex-detenta dizia que ela mesma era a responsável por customizar sandálias e confeccionar bolsas, capa para computadores e diversos outros itens comercializados no estabelecimento. A loja era muito elogiada pelo serviço, até seus consumidores descobrirem que o negócio de Suzane não era exatamente o prometido.

Informações e entrevistas de clientes foram divulgadas no blog “True Crime”, assinado por Ullisses Campbell, do jornal O Globo. A empresa de Suzane tem sede em Angatuba, no interior de São Paulo. Segundo a Lei de Execução Penal (LEP), um requisito obrigatório para se manter no regime aberto é ter emprego fixo.

Na semana passada, veio a público que, desde que engravidou, von Richthofen não confeccionava mais os artigos de sua loja.

No lugar dela, quem fazia todo o trabalho era uma equipe de três costureiras, comandadas pela ex-cunhada Josiely Olberg, que se apresenta como assistente pessoal da ex-detenta.

Nas redes sociais — em que, em menos de um ano, obteve mais de 55 mil seguidores —, Suzane publicava vídeos da produção dos materiais que, supostamente, confeccionava. Ela também postava fotos em uma agência dos Correios de Angatuba, para provar que estava, de fato, trabalhando.

Cliente desconfiou de Suzane von Richthofen

Suzane foi surpreendida com a descoberta da gerente financeira Pamela Siqueira, de 34 anos, moradora de São Paulo, que fez uma compra na Su Entrelinhas. No dia 7 de dezembro de 2023, a moça adquiriu um par de sandálias Havaianas customizadas com pedras e miçangas. O modelo, chamado “sereia”, custou R$ 178, com frete incluso.

Na página de e-commerce, Suzane descreve seu negócio como “produtos produzidos à mão, com muito amor e carinho”. Por isso, as encomendas demoram até 15 dias para chegar. Segundo o site, “vale muito a pena esperar”.

O modelo adquirido por Pamela só chegou no dia 3 de janeiro de 2024, quase um mês após a compra. A gerente financeira notou que, na etiqueta dos Correios, constava que os itens vinham da Rua Espírito Santo 214 – Centro – Angatuba/SP. Contudo, Suzane reside em Bragança Paulista há cinco meses, com o atual companheiro, o médico Felipe Zecchini Muniz, de 40 anos.

A distância entre o endereço do remetente e Bragança Paulista, onde Suzane von Richthofen fixou residência, é de 270 quilômetros.

No local descrito na encomenda, funciona um escritório de advocacia, no qual um dos advogados associados, Jaqueline Domingues, acompanha o processo de execução penal de Suzane. A profissional também é responsável por defender os interesses da ex-detenta em causas cíveis, como no processo de sucessão de Suzane para acessar o apartamento avaliado em R$ 1 milhão deixado de herança pela sua avó paterna, Margot Gude Hahmann.

Indignação e medo

Ao descobrir que não era Suzane que fabricava os produtos de sua loja, Pamela foi às redes sociais fazer uma reclamação, dizendo que se sentia enganada, mas apagou a publicação logo em seguida, por medo.

“Me senti ludibriada duas vezes. Primeiro, porque achava que a encomenda chegaria antes do Natal. Segundo, porque ela não customizou a sandália, como havia dito. Mas resolvi apagar a queixa, porque tenho medo da Suzane. Até porque ela tem o meu endereço, né?”, disse Pamela ao jornal O Globo.

Pamela deixou claro que não é fã de Suzane, mas que acompanha tudo sobre o caso, porque gosta de true crime e investigação.

Desconfiança antiga

O profissionalismo de Suzane sempre foi questionado; por isso, assim que abriu sua loja, gravava e publicava vídeos mostrando que os itens eram, de fato, feitos por ela. No entanto, desde agosto de 2023, quando descobriu a gravidez, Suzane parou com as filmagens e tentou terceirizar a produção.

As reclamações e desconfianças já eram antigas. O enfermeiro Diogo Castro, de 31 anos, apoiador da ressocialização dos criminosos, decidiu ajudar no recomeço de Suzane e decidiu comprar na loja Su Entrelinhas.

Ele adquiriu uma carteira masculina, que custou R$ 70. No primeiro contato, o enfermeiro foi atendido por Josi, assistente pessoal de Suzane von Richthofen. A funcionária garantiu a Diogo que ele receberia uma chamada de vídeo com Suzane no dia de seu aniversário, caso fizesse uma segunda compra na loja.

Imediatamente, Diogo comprou uma nécessaire, por R$ 80, já que seu aniversário seria em três semanas. Os itens chegaram a Diogo em duas semanas, e, empolgado, ele gravou e postou nas redes sociais um vídeo no qual rasgava elogios aos produtos da Su Entrelinhas.

“Galera, é o seguinte: os produtos da Suzane são bons. Ela é irresistível. Senti a sua voz macia. É impossível não se apaixonar”, disse. Como combinado, Suzane ligou para agradecer as compras e parabenizou o enfermeiro. Admirado, ele fez outra publicação dizendo ser fã da ex-presidiária costureira.

Frustração

A frustração veio na semana seguinte, quando Diogo enviou uma mensagem de texto para Suzane von Richthofen e não foi respondido. Mandou novamente e nada. Então ele resolveu ligar, mas foi atendido por Josi.

“Ela disse que a Suzane só falaria comigo se eu fizesse mais uma compra”, diz Diogo, magoado. Com rancor, o enfermeiro apagou todos os elogios e gravou um vídeo de cinco minutos detonando o empreendimento, a gerente e a dona.

“Vou logo avisando. Estou chateado. A Su Entrelinhas é uma loja feita para arrancar dinheiro e enganar as pessoas”, resumiu. Na lista de reclamações, sobrou até para Josi. “É uma picareta”, definiu Diogo.

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