24 de abril de 2024

É possível comer massa sem culpa (e sem ganhar peso)

Símbolo dos carboidratos, a macarronada, em seus mais diversos estilos e molhos, vem despertando pavor de um monte de gente preocupada com a forma física. Dá até impressão de que as massas são uma nova receita na história da humanidade… E um prato cheio para o mundo ficar obeso.

Mas façamos justiça: o alimento tem origem das mais antigas e não há registro de que tenha engordado as populações que o abraçaram em sua cozinha. E não foram poucas, viu? Se há divergências em relação ao berço da massa, não sobram dúvidas de que ela virou um sucesso em vários países. Prova disso é que esse tipo de prato costuma ser visto como porto seguro em viagens internacionais, quando deparamos com cardápios exóticos.

Há quem diga que os louros de sua popularização devem ir para o navegador veneziano Marco Polo (1254-1324), que teria levado a receita à Itália após suas andanças na China, lá por 1271. Outros relatos apontam que o macarrão tem mesmo é DNA árabe, mas foi na Sicília, no sul da Bota, que ele se consagrou.

Para a Organização Internacional de Pasta, a teoria mais forte remonta à civilização etrusca, que viveu em solo italiano muito antes – as descrições rondam o século 8 a.C. Esse povo aparentemente já moía diversos cereais e grãos e, aí, os misturava à água. Depois, o preparo era cozido.

Estudos mostram que as massas não são o grande vilão na luta pelo emagrecimento/Foto: Dulla

Com todo esse histórico, não causa espanto a afeição dos europeus, especialmente dos italianos, pelas massas. Ora, elas inclusive integram, em porções modestas, a dieta mediterrânea, reconhecida estudo após estudo como uma das mais saudáveis do mundo. Logo, embora macarrão e companhia ofertem muito carboidrato, o suposto inimigo da dieta, não há razão para pânico ou cortes radicais.

“Sou francesa com descendência italiana. Então posso dizer: não tem essa de comer massa só no fim de semana”, diz a nutricionista Sophie Deram, doutora pela Universidade de São Paulo. E grandes pesquisas fazem coro à expert.

As pesquisas a favor do macarrão

O estudo mais novo, pasme, não vem da Itália. Ele é do St. Michael’s Hospital, no Canadá. Os cientistas fizeram o que no meio chamam de uma meta-análise. Traduzindo: eles revisaram uma porção de pesquisas de peso sobre o assunto. “Todo trabalho desse tipo tem uma relevância bastante importante”, comenta a nutricionista Maristela Strufaldi, da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD).

Na investigação canadense, foram contempladas 32 pesquisas, envolvendo dados de quase 2 500 pessoas. Em comum, elas priorizavam a massa em vez de outras fontes de carboidratos (arroz, batata, pão…). Mas isso dentro de uma dieta de baixo índice glicêmico, ou seja, que não deixa o açúcar disparar no sangue – situação que leva a uma enxurrada de eventos indesejáveis no organismo. Em outras palavras, essas pessoas seguiam hábitos bacanas à mesa.

Os autores perceberam, então, que as massas não contribuíram para o ganho de quilos extras nem o acúmulo de gordura no corpo. Surpreendentemente, identificaram até uma ligeira associação com a perda de peso. “Isso traz à tona a questão de que consumir macarrão dentro de uma dieta saudável não necessariamente atrapalha o emagrecimento”, avalia a nutricionista Clarissa Fujiwara, da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso).

Outra análise graúda que reforça essa conclusão foi conduzida no Neuromed – Istituto Neurologico Mediterraneo Pozzilli – claro que os italianos não podiam ficar de fora, né? Nela, os estudiosos apuraram peso, altura e circunferência da cintura e do quadril de nada menos que 23 366 pessoas.

Os dados finais mostraram, então, um resultado semelhante ao da revisão canadense: comer massa não fez o ponteiro da balança saltar. Pelo contrário. Incluída dentro das necessidades calóricas de cada indivíduo, a receita favoreceu uma composição corporal saudável. Além disso, tirar proveito das massas foi associado à ingestão de mais alimentos bem-vindos, como tomate, azeite, cebola e alho.

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