Pesquisa aponta que cera do ouvido ajuda no diagnóstico precoce de câncer

Cientistas do Lames (Laboratório de Métodos e Extração e Separação), ligado ao Instituto de Química da UFG (Universidade Federal de Goiás), descobriram que um simples exame clínico da cera de ouvido pode ajudar a detectar doenças como o câncer.

A pesquisa que levou à descoberta foi publicada em forma de artigo no periódico Scientific Reports Nature.

De acordo com os cientistas envolvidos no estudo, a grande inovação do trabalho está no fato de descobrir que a cera de ouvido —material que é produzido pelas glândulas apócrinas — contém o histórico do metabolismo de seres humanos que pode dizer se o indivíduo está doente ou saudável.

A pesquisa foi liderada pelo professor Nelson Roberto Antoniosi Filho. Ele teve a ideia de investigar a cera de ouvido há mais de 20 anos, mas não conseguiu levar adiante por conta da falta de tecnologia necessária para as análises.
O estudo usou para as análises amostras de 50 indivíduos saudáveis e 52 com câncer.

A escolha do cerume não foi aleatória, já que Antoniosi Filho já sabia que a secreção continua importantes informações sobre a saúde do indivíduo. “Como o câncer é um processo metabólico um pouco diferenciado daquele que ocorre em células saudáveis, talvez haja a produção de substâncias diferentes das de um organismo saudável”, explica o cientista.

“Essas substâncias também podem ser encontradas na urina, no sangue, no suor, na saliva ou no hálito, mas como esses meios já foram explorados por outros pesquisadores para diferentes situações, optamos pela cera de ouvido”, diz.

De acordo com o especialista, a análise do cerume consegue identificar 158 substâncias metabólicas, das quais 27 indicam a ocorrência de câncer.

Como é feito o exame?

A análise da cera é realizada a partir da coleta da cera de ouvido em laboratório com o uso de uma cureta, um tipo de instrumento cirúrgico. A amostra então é armazenada em um recipiente a menos 20 graus Celsius até ser analisada, se o exame for feito imediatamente após a coleta, essa fase pode ser pulada.

Na sequência, a cera coletada é aquecida para que os compostos voláteis passem para o estado de vapor. Esse vapor é recolhido depois e as substâncias contidas nele são separadas e analisadas. É essa análise que permite obter um perfil das substâncias presentes no indivíduo.

“Observamos que os perfis de pessoas saudáveis e com câncer são distintos. Com base nessas diferenças, conseguimos montar um banco de dados e dizer se uma pessoa está ou não doente, inclusive em estágios inicial, quando as chances de cura são maiores”, afirma o especialista.

O processo todo permite um resultado em apenas cinco horas, e a análise pode ser feita em até sete dias após a data da coleta.

O artigo sobre a pesquisa tem como primeiro autor o aluno doutorando do Lames, João Marcos Gonçalves Barbosa. O grupo é composto por mais oito membros: Naiara Zedes Pereira (Lames/IQ/UFG), Lurian Caetano David (Lames/IQ/UFG), Camilla Gabriela de Oliveira (Hospital das Clínicas – HC/UFG), Marina Ferraz Gontijo Soares (HC/UFG), Melissa Ameloti Gomes Avelino (HC/UFG), Anselmo Elcana de Oliveira (IQ/UFG), Engy Shokry (Lames/IQ/UFG) e Nelson Roberto Antoniosi Filho (Lames/IQ/UFG). A farmacêutica Engy Shokry é a única que atualmente está fora da UFG, fazendo pesquisa fora do País.

O Laboratório de Métodos de Extração e Separação (Lames) é financiado por um conjunto de instituições de incentivo à pesquisa como Finep (Financiadora de Estudos e Projetos), CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), ANP (Agência Nacional do Petróleo), Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), Funape (Fundação de Apoio à Pesquisa da UFG) e MCTIC (Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações).

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