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Após início de protestos, estudantes acreanos denunciam exploração na Bolívia

Por TIÃO MAIA, DO CONTILNET

Menos de 48 horas após os mais violentos protestos e ataques ao governo Evo Morales, na Bolívia, o que resta, além dos estragos, é a exploração pelos bolivianos, principalmente de estrangeiros, a maioria composta de brasileiros que estudam medicina em pelo menos quatro cidades do país – Cobija, Sucre, Cochabamba e Santa Cruz de La Sierra. “Os bolivianos estão metendo a faca na gente”, disse uma estudante brasileira que está na Bolívia ao relatar a sua tia, no Brasil, que uma simples corrida de taxi, de poucos quilômetros, não sai por menos de 400 pesos bolivianos (o câmbio, para conversão, é R$ 1, 00 Real para 1,8 Pesos).

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Além disso, o comércio também majorou – às vezes ate triplicou – os preços de diversos produtos, principalmente da área alimentícia. A justificativa dos bolivianos para isso é que não se sabe o que vai acontecer nos próximos dias e os comerciantes aproveitam para praticarem preços fora do razoável, denunciam os brasileiros.

Esta quarta-feira (23), na Bolívia, foi relativamente calma. Relatos vindos da fronteira, de Epitaciolândia e Brasiléia, na fronteira com Cobija, no Departamento de Pando, dão conta de que o dia foi tranquilo. “Está tudo calmo por aqui. Não se sabe até quando”, disse o jornalista Alexandre Lima, do site “O Alto Acre”, de Brasiléia, ao falar ao ContilNet no momento em que percorria as ruas de Cobija na manhã desta quarta-feira.

Já em La Paz, segundo relato do jornal “El País”, da Espanha, que enviou correspondente a capital boliviana, a informação dava conta de que o presidente Evo Morales começou a reação às informações de que fraudara às eleições do último domingo, que indicavam um segundo turno entre ele e Carlos Mesa, candidato das oposições, e que, face à fraude, ele teria obtido o quinto mandato seguido – está no poder desde 2006.

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As suspeitas geradas pela interrupção da apuração eletrônica dos votos, que projetava um segundo turno que ocorreria em 15 de dezembro, desataram uma onda de protestos que dá sinais de que pode eclodir novamente a qualquer instante porque Carlos Mesa já anunciou que não reconhecerá os resultados porque os considera uma “fraude escandalosa” e convocou uma mobilização de seus simpatizantes.

Enquanto isso, várias instâncias internacionais, encabeçadas pela Organização dos Estados Americanos (OEA), a União Europeia e os Estados Unidos, criticaram o processo eleitoral e semearam sérias dúvidas sobre sua transparência. A crise de legitimidade de Morales começou, segundo seus rivais políticos, em 21 de fevereiro de 2016, quando, depois de uma década no poder, ele perdeu um referendo sobre a reeleição indefinida. Pôde concorrer neste pleito, disputando um quarto mandato consecutivo, porque o Tribunal Constitucional e o Tribunal Eleitoral permitiram. Com essas premissas, mais a polêmica na apuração, a tensão disparou. As principais cidades da Bolívia viveram cenas de violência, distúrbios e repressão.

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O presidente optou por solicitar uma auditoria das eleições e se dirigiu à OEA. O organismo aceitou verificar a apuração dos votos, mas exigiu que suas conclusões fossem vinculantes. O Governo boliviano ainda não esclareceu se aceitará essas regras do jogo, e todo o país está à espera de um pronunciamento de Morales à imprensa sobre o assunto.

A organização multilateral realizará, através de sua missão de observação, uma análise “que compreenda, entre outros aspectos, a verificação de cômputos, aspectos estatísticos, verificação do processo e cadeia de custódia”, disse o jornal El País. A estratégia de Morales busca aliviar a pressão internacional, da qual sempre esteve isento até agora, diferentemente de seus aliados na região como Nicolás Maduro, da Venezuela. Também é uma forma de dissipar as dúvidas e, ao mesmo tempo, ganhar tempo depois de dias caóticos, em que a atuação do TSE fazia soar todos os alarmes.

Essa foi a razão que levou a missão da OEA – que encabeçou o controle da jornada eleitoral – a dirigir uma advertência às autoridades na noite de segunda. O chefe da delegação, o ex-chanceler costa-riquenho Manuel González Sanz, criticou a interrupção da apuração rápida e manifestou sua “profunda preocupação e surpresa com a mudança de tendência”. “Às 20h10 de ontem [domingo, hora local], o Tribunal Supremo Eleitoral deixou de divulgar resultados preliminares, por decisão do plenário, com mais de 80% das atas escrutinadas. Vinte e quatro horas depois, apresentou dados com uma mudança inexplicável de tendência que modifica drasticamente o destino da eleição e gera perda de confiança no processo eleitoral”, afirmou o representante do organismo.

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