Novo secretário assume pasta prometendo novos tempos para o agronegócio

Recém empossado pelo governador Gladson Cameli como o novo secretário Estado de Produção e Agronegócios, o médico veterinário Edivan Maciel tem um enorme desafio pela frente: resgatar uma promessa de campanha do atual governo de que o Acre começaria a se desenvolver economicamente a partir da produção agrícola e do agronegócio. Carro chefe da campanha eleitoral passada, a promessa de fomento ao agronegócio do atual governo não saiu do papel por diversas crises no setor, envolvendo o secretário anterior, Paulo Wadt.

Ao ser empossado, Edivam Maciel evitou tecer críticas ao seu antecessor e disse que a saída para o setor, a partir de agora, é olhar para frente. “A depender do meu esforço especial e da equipe que estamos montando, o governador Gladson Cameli pode ficar certo de que sua promessa de campanha será resgatada”, disse Maciel. “Tenho a missão de unir forças para alavancar o agronegócio e a produção desse Estado”, acrescentou.

Secretário falando com exclusividade ao ContilNet/Foto: ContilNet

A seguir, os principais trechos de uma entrevista exclusiva com o novo secretário:

Empossado como secretário, o que o senhor pode anunciar em relação ao que pode se diferenciar da sua administração daquela que o senhor está substituindo e o que será efetivamente feito para que seja resgatada a promessa do governador Gladson Cameli de desenvolver o Acre a partir do agronegócio?

Edivam Maciel – Estou imbuído de fazer uma gestão que favoreça, acima de tudo, o pequeno e o médio produtor rural, aqueles que realmente precisam dos braços e da ajuda do Estado. Paralelo a isso, vamos facilitar ao máximo as atividades do grande produtor. Este não precisa muito do Estado, mas nós temos o dever de destravar e facilitar e dar condições para que este produtor trabalhe com mais liberdade econômica e de ação no campo.

Concretamente, o que acha que deve ser feito para que o citado pequeno produtor possa ter acesso a essas políticas que o senhor diz serem necessárias?

O básico. Para alavancar o setor produtivo do Estado, principalmente no setor da agricultura, e agricultura familiar, é a assistência técnica qualificada. A assistência técnica tem que chegar ao pequeno e ao médio produtor, àqueles que não têm condições de contratarem assistência técnica privada e o Estado tem a obrigação de levar o conhecimento para que ele produza corretamente, para que ele saiba exatamente o que plantar no seu solo e saiba qual o tratamento que precisa aquele solo e, paralelo a isso, já dando condições de escoamento da produção.

Mas escoamento da produção, ao que tudo indica, é o grane gargalo do setor neste Estado, por falta de ramais e condições de transporte adequado. Como resolver isso?

A recuperação dos ramais é fundamental na política que pretendemos implementar. Este é um compromisso do governador Gladson Cameli com o setor agrícola, que é um projeto de execução dos principais ramais do nosso Estado, em parcerias com as nossas prefeituras. É fundamental também que trabalhemos a comercialização dos produtos. Assim está fechada a questão do agronegócio. Nós entendemos que não adianta só produzir. Tem que produzir e transportar para que o produto chegue aos centros urbanos, com o governo auxiliando na comercialização para que o produtor possa ter o máximo de rentabilidade em relação ao seu produto.

Mas, para resolver esses problemas que o senhor citou, da assistência técnica e dos ramais, é claro que carece de dinheiro. Isso acontece num momento em que o governador fala de dificuldades financeiras e até da possibilidade de vir a decretar estado de calamidade econômica no Estado. Há recursos para resolver isso, para pagar diárias para técnicos, para abrir ramis e construir pontes? Há recursos para isso?

Para os ramais, já estão alocados recursos mais de R$ 94 milhões em emendas, recursos que este governo recuperou e que já esta desenhada onde serão aplicados para a recuperação dos principais ramais. Nos municípios, já estão sendo alocados os recursos para que os municípios melhorem suas patrulhas mecanizadas e para que os prefeitos possam atender a demanda local por ramais. E a assistência técnica nós já estamos trabalhando para recuperar algumas coisas relacionadas aos financiamentos do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) para que a assistência técnica chegue efetivamente ao produtor rural.

O que o acha que precisa ser feito imediatamente para que o Acre dê esse salto rumo ao Agronegócio, conforme quer e prega o governador do Estado, o que não foi feito durante os últimos 20 anos, quando seguidos governos apostaram na economia extrativista? Na sua visão, é preciso desmatar mais?

Penso que, primeiro, nós temos que aproveitar as áreas que nós temos já abertas. Nós temos algo em torno de 14% de nossa cobertura vegetal aberta e muitas áreas degradadas. Nossa primeira política é aproveitar estas áreas, incentivando sobretudo a parte d pecuária, para que os produtores invistam na unificação lavoura/pecuária, a fim de que eles possam tirar, por exemplo, uma safra de milho ou soja – ou dos dois produtos – em meio a uma safra de boi por ano. Isso vai favorecer a demanda por grãos do Estado, incluindo a soja, e fortalecer a pecuária. Com isso, nós teremos condições de aumentar a lotação de animais por áreas, duplicando ou triplicando o número de animais na mesma área. São medidas simples. Isso, aliado à extensão rural cujas informações devem chegar ao produtor rural para que ele possa saber que existe esta possibilidade de unificar em sua propriedade a implantação da lavou/pecuária.

O senhor é a favor da plantação de soja no Acre e na Amazônia, o que é criticado com fervor por ambientalistas?        

Sou sim. Penso que a Amazônia não foi feita apenas para contemplação. Foi feita também para produzir. Nós já temos áreas abertas, áreas antropisadas (com a presença do homem) onde já se pratica uma pecuária de excelência e agora poderemos investir na agricultura. A soja é um produto extraordinário, que gera riqueza, gera renda e melhora as condições econômicas a região onde é produzida.

Mas, ao que prece, o produtor do Acre não tem maiores experiência neste setor. O senhor pretende trazer de fora, como tentou fazer o secretário que caiu e o antecedeu, empresários e agricultores que conheçam desta área para ajudar os acreano na busca desta experiência?

Não é que pretendamos trazer. O Acre está aberto à iniciativa privada, que tem a liberdade de atuar, onde que seja no país. O que nós queremos é destravar o máximo para que isso se concretize aqui e se torne uma realidade. Nós não temos nada contra quem queira investir no Acre. Vamos incentivar a quem quiser ceder terras, alugar, fazer parcerias ou tocar por conta própria. O que nós queremos é dar condições para quem quiser possa produzir no Acre, independentemente de serem empresários de outros estados ou daqui. Os que querem assistência técnica e apoio necessário, para que possam produzir, vão ter. A secretaria está montando estrutura para atender os daqui e todos quanto quiserem vir para o nosso Estado.

O senhor assume o cargo de secretario com a indisfarçável simpatia dos pecuaristas, com os quais o senhor mantém ligações por ser o vice-presidente da Federação da Agricultura do Estado do Acre (Faeac), que congrega os fazendeiros. O Acre vive atualmente uma polêmica em torno da pauta do boi, que os pecuaristas defendem e que vai reduzir cobrança do ICMS (Imposto sobe Circulação de Mercadoria) em relação à venda do boi em pé. O senhor é a favor? Os trabalhadores  em frigoríficos dizem que isso vai causar desemprego. O que o senhor tem a dizer?

Em relação a isso, o governador Gladson Cameli atendeu um pedido da classe dos pecuaristas em reduzir essa pauta do boi em 80% em relação ao ICMS. Isso facilita a comercialização dos produtores acreanos com o estados vizinhos, Rondônia e Amazonas. Eu afirmo que a saída do boi vai ser muito pequena sobretudo porque não é algo atrativo levar boi para abate em outros estados e também não é atrativo para fazendeiros de outros estados virem comprar boi no Acre devido ao transporte e a distância. Mas esta redução soa bem porque o produtor ficar livre e tem liberdade para a realização de negócios porque o Acre tem boi suficiente para atender  as demandas dos frigoríficos em demanda cos locais e não vai causar desemprego porque o decreto é para 30 dias apenas. É apenas para normalizar esta comercialização e resolver uma demanda represada, que é a oportunidade de o produtor esta época do ano, quando a arroba do boi está mais valorizada, e poder comercializar melhor o seu produto e gerar renda. Isso será revertido para o Estado, em investimentos em novos projetos agropecuários. Ao contrário do que dizem, vai movimentar e gerar mais emprego e renda para o Estado.

Vai ser possível mesmo retirar a vacina contra aftosa no rebanho do Estado a partir do ano eu vem?

Eu não tenho dúvida alguma quanto  isso. Nosso trabalho agora é preparar o Estado para uma auditoria do Ministério da Agricultura e Pecuária,  ser realizada possivelmente em março de 2020 e a partir daí sermos declarados livres de aftosa, inclusive sem vacinação. Isso é muito importante para o nosso Estado, muito importante para a nossa pecuária porque isso abre novos mercados para a nossa carne. Há um plano do governo federal em que o Brasil todo será livre de aftosa sem vacinação nos próximos cinco anos. O Brasil está dividido em blocos. O Acre está no bloco 1, junto com Rondônia, um pedacinho do Amazonas e um pedaço do Mato Grosso. Nós seremos os primeiros a sairmos da obrigatoriedade da vacina contra a aftosa. Com isso nós só temos a ganhar, porque aí estaremos habilitados para atendermos todo o Brasil com carne de qualidade. Se isso não acontecesse, teríamos animais nosso recebendo a vacina e estaríamos proibidos de comercializarmos com estados eu estarão livres da doença sem vacinação. É importante que o produtor rural entenda que isso é benefício para o Acre porque somos privilegiados em sermos o primeiro Estado do país livre da aftosa sem vacinação. Os nossos países vizinhos, Bolívia e Peru, já são. Para se ter ideia do que isso significa, nós não podíamos levar nossa carne para o Peru porque há muito eles estão livres da doença e nós não A partir do ano que vem, tudo vai mudar nesta área.

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