“Iniciei minha vida sexual com mulher”, diz Preta Gil ao afirmar ser pansexual

Apesar de já ter tornado pública sua orientação sexual, pouca gente sabe que Preta Gil não é heterossexual. A cantora já declarou bissexual em várias oportunidades, mas, durante uma live no Instagram da Vogue Brasil com Carla Akotirene, ela afirmou ser pansexual.“Eu só comecei a cantar e ir para frente das câmeras depois dos 28 anos, e, antes disso, eu me relacionava com mulheres, inclusive, iniciei minha vida amorosa e sexual com uma pessoa do sexo feminino. Depois, passei a ter mais namorados homens. Talvez seja por isso que as pessoas tenham uma imagem heterossexual sobre mim. Mas acho que sou panssexual, gosto de gente”, afirmou a cantora durante a entrevista.

Preta alternou seus relacionamentos ao longo da vida entre homens e mulheres, mas acabou desenvolvendo sua afetividade por pessoas brancas, pois, segundo ela, não havia negros nos círculos sociais que frequentava além de seus próprios familiares.

“Eu fui induzida a ter meu afeto ligado a homens brancos, porque fui criada em ambientes de predominância branca. Mas os meninos da minha escola não demonstravam interesse por mim e eu não entendia o motivo. Hoje sei que tem a ver com a cor da minha pele”, disse Preta, que também revelou ter tido relacionamentos abusivos.

“Eu me submetia, sem saber, a relacionamentos que hoje a gente consegue verbalizar como abusivo. Eu me contentava, dentro da minha carência de mulher preta, com aquele afeto, mesmo o homem sendo grosseiro, estúpido, e tentando me silenciar. Eu me apegava a migalhas”.

RACISMO
Preta contou que descobriu o racismo ainda na infância ao frequentar a escola. “Eu era motivo de chacota por causa do meu nome. Com 4 anos, pedi para minha mãe me chamar de Priscila. Além disso, tinham preconceito por eu ser filha de um preto famoso que foi exilado durante a ditadura”, disse ela.

A cantora lembrou também que seus colegas de escola zombavam da forma como falava o alfabeto. Em algumas partes do Nordeste, as letras se pronunciam da seguinte forma: a, bê, cê , dê, e, fê, guê, agá, ju, ká, lê, mê, nê…

“Eu aprendi o alfabeto como se diz no Nordeste e a professora, por causa disso, pediu para eu repetir de ano. Enquanto isso, no recreio, as meninas se juntavam ao meu redor e perguntavam se eu era a menina que falava errado. Na escola só havia eu e meus irmãos de pretos”.

Ao crescer, Preta passou a se envolver mais com a luta antirracista, mas foi somente depois de ser vaiada por uma plateia de negras que ela decidiu estudar mais o tema.

“Fui convidada para ir a uma palestra e lá eu disse que eu era uma mulata”, contou ela. “Aí, a Elisa Lucinda pegou na minha mão e explicou que esta é uma palavra racista. Mulata ou mulato é denominação que se dava aos bebês que nasciam após o estupro das mulheres negras por homens brancos. Eu pedi perdão pela ignorância e continuei”.

GORDOFOBIA
Quando começou sua carreira, Preta lançou um disco no qual aparecia nua, mas foi muito criticada por exibir suas curvas de forma empoderada. Na época, a luta contra a gordofobia ainda era muito reprimida.

“Nunca tinha sido confrontava com esse tipo de preconceito. Antes, era normal menosprezar uma mulher por ser gorda. Era normal que não fosse símbolo de beleza”, lamentou.

“Depois das críticas, emagreci, fiz lipoaspiração, me mutilei. Só depois entendi que o que aconteceu foi uma perversidade. Se fosse uma mulher branca e gorda no meu lugar naquela época, talvez, ela poderia ser taxada de outra coisa. Mas me chamaram de ‘a louca que se achava bonita’”.

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