Entenda por que os cultos estão entre as atividades mais perigosas na pandemia

Os cultos religiosos de todas as denominações voltaram, nesta quarta-feira (29), a ser proibidos após reabrirem por cerca de uma semana.

Embora católicos, daimistas, espíritas, umbandistas e candomblecistas tenham optado por continuarem de portas fechadas, boa parte das igrejas evangélicas aproveitou a permissão para voltar a funcionar quando o governo do Estado autorizou os cultos com 20% da capacidade.

No entanto, nesta semana veio a decisão pelo novo fechamento. Ela partiu de ampla maioria dos representantes do Comitê de Acompanhamento Especial da Covid-19.

O vai e vem ganhou novo episódio após o governador Gladson Cameli anunciar que vai interceder em favor das igrejas, contrariando as decisões dos órgãos.

A medida veio após muita pressão e campanha de pastores e políticos locais, uma vez que, de acordo com critérios técnicos estabelecidos pelo próprio governo, ainda não era o momento certo para a reabertura dos templos.

Epidemiologistas do mundo todo colocam atividades religiosas como de alto risco para contágio. O motivo se dá pela natureza dessas ações, que envolvem aglomerações em ambientes fechados e com contato físico entre os fieis.

Mesmo com a capacidade dos espaços seja limitada, a vocalização das pessoas presentes, ou seja, o ato de pregar em voz alta e cantar as músicas, leva à liberação de muitas gotículas no ar por tempo prolongado que se espalham por metros de distância.

Com isso, há um aumento nas chances de propagação do novo coronavírus, que já infectou quase 20 mil pessoas no Acre, matando mais de 530 delas.

“A análise de risco leva em consideração fatores como a possibilidade de aglomeração de pessoas em um determinado local, a duração da estadia e a interação dessas pessoas entre si, a quantidade de pessoas presentes, a produção de gotículas e sua permanência no ambiente”, explica Ana Helena A. Figueiredo, infectologista do Grupo Iron.

Estudo de especialistas para reportagem do Fantástico colocou a ida às igrejas com nota máxima de risco em uma escala que vai de 1 a 9, ao lado de práticas como ir ao bar, ir a um estádio de esporte e ir a um grande concerto de música.

Além disso, médicos da Texas Medical Association (TMA) inseriram a ida às igrejas como uma das oito atividades mais perigosas durante a atual pandemia, assim como ir a um restaurante, academia, parque de diversões, cinema, concerto ou festival, estádio de futebol e bar.

De vermelho para laranja

Na semana passada, as regionais de saúde do Alto Acre e Baixo Acre saíram da zona vermelha (Emergência) e entram da laranja (Alerta), após redução de alguns índices relacionados à pandemia.

Com isso, alguns setores que estavam fechados, sobretudo os comerciais não essenciais, puderam reabrir. No entanto, os cultos não entraram na lista, mas acabaram sendo permitidos quatro dias depois após intensa campanha de lideranças evangélicas e políticos locais.

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