19 de abril de 2024

E-mail mostra que Flamengo sabia de problemas elétricos em alojamento do Ninho

Reportagem do site UOL desta quarta-feira revela trocas de e-mails que comprovam que o Flamengo sabia de riscos em função da precariedade das instalações elétricas do Ninho do Urubu desde 11 de maio de 2018, nove meses antes do incêndio no alojamento do centro de treinamento, que matou dez meninos das categorias de base. São mensagens internas trocadas entre os então responsáveis pelo dia a dia do CT.

O EXTRA confirmou as informações, ao verificar o mesmo documento. O email, com os dados da vistoria interna nas instalações elétricas do CT, é de Luiz Humberto Costa Tavares, gerente de administração do clube, para Marcelo Helman, diretor executivo de administração.

E já no início do documento há a informação de que “vários intens estão fora da conformidade com as normas de segurança exigidas”.

Os problemas na parte elétrica foram verificados semanas antes e um técnico de segurança do trabalho do clube foi chamado, no dia 10, produzindo novo relatório técnico, no dia seguinte e enviado a responsáveis rubro-negros.

Há fotos do local, pincipalmente das gambiarras no quadro elétrico atrás do alojamento da base (contêineres).

A ideia inicial do clube, ainda durante a gestão de Eduardo Bandeira de Mello, era ter o novo CT da base ainda em 2018, em outro local. Esta área seria transformada em estacionamento.

No relatório, é dito que foi “a situação é de alta relevância e grande risco”. Há ainda destacado os pontos emergenciais, enviado pelo funcionário do departamento pessoal Wilson Ferreira ao gerente de administração do Flamengo, Luiz Humberto Costa Tavares, à gerente de recursos humanos Roberta Tannure e a um funcionário identificado como Douglas Silva Lins de Albuquerque em 11 de maio: “quadro elétrico (poste ao lado do refeitório), disjuntores e fiação no jardim, quadro elétrico atrás do alojamento da base”.

Sobre a conclusão, o relatório diz: “as irregularidades abaixo não serão tratadas no momento, pois, conforme informação, o local será demolido e substituído por novas instalações até o final do ano de 2018, deixando claro que caso haja fiscalização e autuação o argumento mesmo que evidente não justifica a irregularidade, ficando a critério do órgão fiscalizador a penalidade ou intervenção”.

Clube não tomou providências

A Justiça também tem documentos da contratação de uma empresa para os reparos, paga pelo clube, mas que esta empresa, a CBI, não efetuou o serviço.

Isso está explicado em um relatório da empresa Anexa Energia, que foi contratada pelo Flamengo para produzir parecer após a tragédia. Em documento assinado por José Augusto Lopes Bezerra, em março de 2019, a firma garante que o serviço “não foi realizado (pela CBI), mantendo o mesmo alto grau de risco antes verificado.

Mesmo após o pagamento e a verificação de que o serviço não havia sido realizado, à época, o Flamengo não providenciou novos reparos e dez meninos morrem: Athila Souza Paixão, Arthur Vinícius de Barros, Bernardo Pisetta, Christian Esmério, Gedson Santos, Jorge Eduardo Santos, Pablo Henrique da Silva, Rykelmo de Souza, Samuel Thomas Rosa e Vitor Isaías.

Essas peças constam de uma briga judicial entre o Flamengo e a Anexa, visto que o clube rompeu o contrato em vigência sob a alegação de não cumprimento do trabalho, informação contestada pela empresa. A empresa teve acesso a todas as correspondências que detalhassem a rotina do Flamengo em todo este processo das instalações do seu centro de treinamento.

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