Os maiores mitos dos remédios para emagrecer

Para a maioria das pessoas, emagrecer é um desafio que exige sacrifício e muita disciplina. Nem sempre, porém, apenas a força de vontade é suficiente.

Quando o peso se recusa a ir embora, pacientes com obesidade ou com algum problema de saúde decorrente do sobrepeso podem recorrer a medicações que auxiliam no processo de emagrecimento.

Isso, é claro, se usados com o devido acompanhamento médico e por aqueles que realmente precisam do tratamento: o que não é o caso daqueles que desejam eliminar uns quilinhos a mais por estética.

É preciso, porém, ter cuidado para não cair em mitos que circulam em abundância na internet e geram medos exagerados em relação aos remédios.

No Brasil, três medicamentos são indicados para o controle de peso, sendo eles a sibutramina, a liraglutida e o orlistate – os dois primeiros atuam diminuindo o apetite, enquanto o último impede a absorção de 30% da gordura consumida.

Além desses remédios, que têm a função do emagrecimento descrita em bula, há ainda os chamados off labels, como a metformina e o fluoxetina, que não possuem a perda de peso como função principal, mas podem ser usadas para auxiliar no processo.

1º mito: qualquer um pode tomar remédios para emagrecer

Segundo o endocrinologista Thiago Napoli, especializado no tratamento da obesidade, o uso é indicado para auxiliar no emagrecimento de pessoas obesas ou com um sobrepeso que resulte em problemas de saúde, como dores na coluna, joelhos, diabetes ou colesterol.

“Se uma pessoa é magra e quer perder peso por uma questão estética, ela não tem recomendação para o uso de remédios”, explica Thiago.

Mesmo assim, algumas pessoas insistem no uso das medicações sem prescrição médica, o que pode gerar consequências para a saúde.

“Como qualquer remédio, há efeitos colaterais, e as doses e medicações precisam ser ajustadas ao perfil e contraindicações de cada paciente. Quando você consegue o remédio por vias tortas, isso não acontece.”

2º mito: os remédios emagrecem por si só

As medicações podem ser uma ajuda valiosa para as pessoas que possuem dificuldades para perder peso, mas elas não fazem milagre. “O uso precisa ser atrelado à prática de atividade física e mudanças de dieta ou é pouco efetivo”, explica Thiago.

Ele aponta que pessoas que utilizam o remédio e fazem mudanças na rotina costumam ter resultados mais eficientes e duradouros em relação aqueles que enxergam a medicação como uma pílula mágica.

3º mito: existem fórmulas milagrosas

Se o orlistate, a sibutramina e a liraglutida podem ser aliados com a devida prescrição médica, o mesmo não se pode dizer das pílulas e shakes milagrosos que prometem secar a barriga.

“O que tem na internet de milagroso, via de regra, é golpe. São fórmulas mágicas com vários compostos sem nenhuma evidência científica e que podem, inclusive, gerar riscos à saúde. Em geral, medicações para obesidade não precisam ser formuladas”, alerta Thiago.

4º mito: remédios emagrecedores viciam

Uma das maiores preocupações quanto a remédios para perda de peso é de que eles gerariam algum tipo de dependência químicaNo caso dos remédios autorizados no país e devidamente prescritos por um médico, não há nenhum indício de que eles viciem.

Segundo a endocrinologista Rafaela Fontenele, o que acontece é que algumas pessoas voltam a ganhar peso quando param a medicação, criando uma falsa sensação de que o corpo teria “viciado” no remédio, e até mesmo preferem seguir com o uso para tentar manter o número na balança.

Isso faz com que muitas pessoas acreditem que, caso comecem a tomar medicação, teriam que aderí-la para o resto da vida, o que é uma mentira. Por isso mesmo, o acompanhamento profissional é tão importante.

De acordo com os especialistas, há alguns casos, principalmente em pessoas que perderam grandes quantidades de peso, em que o uso pode ser prolongado, já que o esforço necessário para manter-se em forma é muito grande – mas eles são uma exceção.

“A maioria das pessoas ficam com o remédio até se engajarem na dieta e nas atividades, a partir daí ele vai sendo retirado aos poucos”, conta a Dra. Rafaella.

5º mito: remédio causa ‘efeito sanfona’

Na mesma linha do falso vício, os remédios de emagrecimento também ganharam fama de vilão do ‘efeito sanfona’, já que uma das maiores preocupações é a de que a pessoa recupere o peso caso interrompa a medicação.

Isso realmente pode acontecer, mas não por causa do remédio.

“Na natureza, quando um animal perde peso, ele geralmente está próximo da morte de alguma forma. O corpo humano também interpreta o emagrecimento como um sinal de perigo e se encarrega de recuperar a gordura perdida assim que possível”, explica o Dr. Thiago.

A retomada, porém, é uma tendência humana e acontece também em caso de dietas restritivas sem o uso de medicamentos, conforme explica a Dra. Rafaela:

“O que acontece é que a pessoa não muda o estilo de vida, mas mesmo que mude, ela ainda pode recuperar o peso, porque isso faz parte do processo metabólico”.

Para evitar a flutuação de peso, é importante que haja um acompanhamento constante de profissionais como endocrinologistas, nutricionistas e preparadores físicos. Uma equipe multidisciplinar pode ajudar a estabelecer um programa que reduza a volta do peso.

6º mito: emagrecer com remédios não é saudável

Muita gente acredita que o uso de remédios para emagrecer pode trazer malefícios ao organismo e que saudável mesmo é perder peso apenas com dieta e exercícios.

A situação, porém, não é tão simples, já que envolve questões genéticas e até mesmo psicológicas como a compulsão alimentar.

Segundo a endocrinologista Rafaela Fontenele, essa crença é fruto de uma visão rasa, e até preconceituosa, sobre o que é a obesidade.

“Algumas pessoas têm mais dificuldade em perder peso por questões fisiológicas. Muitas pessoas emagrecem aderindo a dietas malucas e isso é muito mais perigoso do que uma medicação bem orientada.”

O mito, no entanto, vira verdade quando se fala no uso inadequado das medicações. Sem o acompanhamento médico, as substâncias podem agravar crises de ansiedade, reduzir a absorção de nutrientes e aumentar riscos cardiovasculares em quem possui pré-disposição.

“Seu amigo que te arruma uma receita de fundo de quintal atua muito mais como um traficante do que como alguém que quer te ajudar, porque ele está te dando acesso a uma medicação sem conhecer os danos que ela pode ter para você”, alerta Thiago.

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