Cardápio da miséria: carcaça de frango, pelanca, osso, pé de galinha e miojo

Quem entrava em açougues ou supermercados, desde a década de 80, via um cartaz que dizia “temos osso e pelanca para cachorro”. Por mais que a venda desse tipo de “resíduo” de carne bovina sempre estivesse ali, para ser dado ou vendido a preços irrisórios, uma nova prática, bem atual, vem assustando os cidadãos nos últimos tempos: a venda de produtos que seriam praticamente destinados ao lixo, vistos como resto, para a alimentação humana.

O buraco econômico e social cavado por Jair Bolsonaro para enterrar o povo brasileiro fez proliferar por todo território nacional os anúncios que oferecem ossos, carcaças de frango, pés de galinha e pelanca para “reforçar” a dieta de seres humanos que viram seus empregos, renda e dignidade serem implodidos.

Até o macarrão instantâneo, popularmente chamado de “miojo”, teve um salto nas vendas, segundo a indústria que o produz. O que antes era visto como uma extravagância ou imprudência alimentar de adolescentes, hoje figura como gênero base para manter de pé famílias inteiras que driblam a fome para seguirem vivas.

Até a mídia hegemônica, sócia na calamidade imposta por um destrambelhado sem escrúpulos que foi alçado à chefia do estado brasileiro para pôr fim aos “ladrões do PT”, veicula agora em seus programas diários as mais variadas receitas para preparar iguarias como ossos, carcaças, pés de galinha, pelanca e miojo. É a gourmetização do desespero e a glamourização da indigência, como pílula dourada para o horror daqueles que não têm mais ao que recorrer para dar de comer aos filhos e a si.

No Rio de Janeiro e em Cuiabá, filas imensas se formam para receber como esmola os vergonhosos ossos. Mesma sorte não tiveram os catarinenses, que precisam pagar R$ 4 no quilo do “produto”. Em Niterói, “sambiquira”, ou “dorso”, eufemismos para a carcaça que sobra dos frangos, vêm sendo vendidos por R$ 8,69.

Numa rodovia que corta o estado do Mato Grosso, próximo ao município de Várzea Grande, o que chama a atenção é a placa ofertando pelanca a R$ 0,99. A imagem embrulha o estômago porque nos leva a pensar em como alguém consumiria tal coisa.

O Estadão, o diário conservador paulista, traz numa de suas manchetes que o pé de galinha é a “carne possível”. Lembra na matéria que as partes nobres dessa ave sofreram aumento de 43% no último ano, mas não diz uma palavra sobre seu editorial de 8 de outubro de 2018, quando para esconder sua predileção por um sujeito de contornos psicopáticos resolveu se esconder atrás de “uma escolha muito difícil” para conduzir ao Planalto o tal desajustado.

Enquanto isso, na Folha, a explosão no faturamento das indústrias que produzem miojo foi destaque numa editoria voltada à economia. A linha fina justifica que o aumento nos negócios de R$ 2,6 bilhões para R$ 3,1 bilhões de um ano para outro “tem relação com o preço acessível do produto à população”.

Assim, aos poucos, normalizamos e institucionalizamos a miséria, com explicações macroeconômicas e análises de mercado, sempre mencionando o famigerado dólar, que saiu de R$ 3,65 no dia seguinte à posse de Jair Bolsonaro para os R$ 5,48 atuais.

Fiquemos tranquilos, já que Paulo Guedes, que mantém US$ 9.550.000 numa offshore nas Ilhas Virgens Britânicas e que lucra R$ 16 mil por dia com a disparada da moeda estrangeira, assim como seu presidente do Banco Central, que possui investimento idêntico, darão jeito nesse nó econômico e farão o melhor para que os brasileiros deixem de comer restos, sobras e subprodutos em sua dieta diária.

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