Mulher que chegou ao AC sem documentos consegue reencontrar a filha em hospital

Assistência, acolhida, cuidado e persistência são as palavras que resumem a trajetória da ex-moradora de rua Ivanilce Alves. A história dessa mulher começa no Piauí, perpassa por Brasília e faz uma parada no Acre, mais especificamente na Fundação Hospital Estadual do Acre (Fundhacre), situada em Rio Branco. A vida da mulher que venceu 3 paradas cardíacas foi repleta de dificuldades, teve abandono, exclusão, tristeza e o vínculo familiar desligado, mas a realidade foi mudada depois do dia 26 de setembro deste ano.

Verônica Alves, filha de Ivanilce. Foto: Danna Anute

Internada com um quadro grave de pneumonia, a piauiense chegou na Fundhacre sem identificação ou registros que pudessem localizar familiares, logo, o serviço social da unidade começou uma busca ativa, que começou no banco de dados da Policia Civil e continuou no Centro POP (Centro de Referência Especializado para a população de Rua), instituição que ajudou na descoberta de uma filha que mora em Brasília.

Após o contato do serviço social com uma das filhas de Ivanilce, que por razões e motivos pessoais não pode estar com a mãe, a assistente social conseguiu o contato de Verônica, filha caçula que veio reencontrar e cuidar da mãe.

Enfermeira Conceição e Ivanilce. Foto: Danna Anute

“Estar aqui é um processo de reencontro com minha história, isso é desafiador, pois minha presença traz lembranças fortes, algumas dolorosas, para mim, meus irmãos e minha mãe. Estou feliz, mas preocupada, depois da alta hospitalar começa uma nova história, estou tendo cuidado para que essa transição de mudança de estado seja tranquila”, disse Veronica Alves.

No hospital, o percurso de vida de Ivanilce ficou conhecido pela equipe de enfermagem, sobretudo pelas enfermeiras Conceição França e Francinete Araújo, e dos demais pacientes da enfermaria D, que inclusive gostavam de visitar a piauiense que estava longe dos filhos há 15 anos e sobreviveu a 3 paradas cardíacas.

“O quadro clínico da paciente Ivanilce tinha muitas complicações, mas apesar disso, o serviço social da Fundhacre cumpriu o papel de reintegrar a pessoa ao núcleo familiar, lhe devolvendo identidade, e reconstruindo relações de amor”, disse a assistente social da unidade hospitalar, Regiane Araújo.

Enfermeira Francinete Araújo com a filha de Ivanilce. Foto: Danna Anute

O Estado e a saúde pública acreana demonstraram mais uma vez a eficiência em acolher, acompanhar e assistir a pessoa que necessita de uma rede de cuidados. É por meio da prestação do serviço social que o sujeito pode desenvolver as sociabilidades, e fortalecer os vínculos interpessoais.

“O serviço social da Fundhacre contribui de maneira ímpar com a reabilitação e reintegração dos pacientes, além de ser um sinônimo de acessibilidade e assistência. É inestimável o papel do assistente social no seio da sociedade, sobretudo na saúde, são profissionais que defendem os direitos humanos e lutam para diminuir as desigualdades sociais”, afirmou o presidente da Fundhacre, João Paulo Silva.

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