Narciso Mendes: ‘Da nossa democracia cuidemos nós, caso contrário, crises só aumentarão’

Amizades e interesses

Entre países não existem amizades e sim interesses

Qual o país do mundo que, presentemente, mais tem atendido aos  interesses do nosso país? A China. Mas sendo a China um país comunista isto já não seria o bastante para que rompêssemos os nossos relacionamentos, inclusive os comerciais. Para os beócios e os anticomunistas chapados, certamente sim. 

Eu, particularmente, não tenho a menor admiração pelo regime comunista, mas como nunca me deixei levar pela cegueira, em se tratando de relacionamento comercial. Até obrigo-me a dizer que se não fosse à China a nossa situação econômica/social seria ainda pior.  

Respondam-me: qual o principal mercado dos produtos do nosso pujante agronegócio? Na nossa balança comercial qual o país do mundo que mais nos tem favorecido? Para a primeira pergunta, a China, e para a segunda, a China. Nada a ver com o seu regime político.  

Ao meu sentir e dos tantos quantos se encontram minimamente informados a China já é um dos países mais capitalista do mundo, embora o capitalismo seja uma contradição para àqueles se dizem comunistas.   

Os beócios sequer se dão conta que todas as grandes empresas dos EUA estão instaladas na China e que a própria China já está a caminho de superar os próprios EUA enquanto potência econômica.  

Deixemos a China de lado e passemos a tratar do que também é fundamental e que muito nos interessa, no caso, a nossa democracia. Vamos às perguntas: estamos tratando-a como devêssemos? As nossas elites políticas estão contribuindo para melhorá-la ou para piorá-la? 

Ora, se nos encontramos às vésperas das próximas eleições, menos de oito meses, e a nossa legislação eleitoral para além de extensa e confusa sequer encontra-se completamente elaborada, jamais os nossos eleitores terão condições de se expressarem conscientemente quando se dirigirem as urnas para fazer as escolhas dos seus candidatos.

Em relação aos nossos partidos políticos, a base de toda e qualquer democracia, convenhamos, eles vem se comportando como se fossem empresas com fins lucrativos, e mais intensamente, a partir da existência dos fundos partidários e eleitorais. 

Espera-se que no próximo mês de março, quando da abertura da chamada janela partidária, que iremos assistir a um verdadeiro festival de infidelidade, ou seja, um desavergonhado troca-troca de partidos, sem nenhum prejuízo para os detentores de mandatos eletivos.

Da comunista China que extraíamos os nossos interesses, mas da nossa democracia, cuidemos nós, do contrário, as nossas crises só irão se avolumar, em particular, a da nossa própria democracia, esta sim, carente dos mais diversos aperfeiçoamentos.                                 

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