Conheça Jarbas Passarinho, acreano que foi governador, ministro e criticado por apoiar ditadura

Nascido em Xapuri, em 11 de janeiro de 1920, Jarbas Passarinho nunca esqueceu o estado que acolheu sua família, mesmo tendo o deixado ainda muito novo. Conhecido carinhosamente por alguns como o mordomo do Brasil, o menino de Xapuri foi militar de carreira, governador do Pará e ministro de quatro pastas diferentes.

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Passarinho deixou o estado do Acre com pouco mais de quatro anos de idade, indo para Belém com a mãe, Dona Júlia Gonçalves Passarinho, e os irmãos. O pai era mecânico da marinha e ficou em Xapuri, longe da família. Aqui, Ignácio Passarinho foi o responsável pela montagem da primeira usina elétrica do Acre e mantinha negócios com a extração da borracha.

“Pouco eu posso me recordar, porque o meu tempo de vida no Acre foi pequeno”, contou Jarbas no livro Brava Gente Acreana. Em Belém, Jarbas era destaque nos colégios por onde passava, com 15 anos era colaborador das poucas revistas literárias que existiam no estado do Pará.

Foto: Ruy Baron

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“Eu tinha 15 anos e era um dos colaboradores, e vem aí o problema da minha vocação, eu disse: a minha vocação é militar, a minha vocação não é civil, política, era militar. E eu estudava. Ganhei meu primeiro livro num concurso por um ensaio que fiz sobre Caxias. Então, fiz concurso para escola preparatória de cadete de Porto Alegre. Eu cheguei a coronel, fui chefe do Estado Maior do Comando Militar da Amazônia”.

Foi no governo militar de Castelo Branco que Jarbas tornou-se governador do estado do Pará, onde ficou por 17 meses no cargo. Após isso, passou pelo senado e foi ministro de quatro distintas pastas da ditadura militar. Sua presença no governo foi marcada, principalmente, à frente do Ministério da Educação, onde ficou por quatro anos.

“O Médici, quando eu estava numa reunião em Washington, me telefonou e disse olha: eu quero você no meu ministério, mas não no Ministério do Trabalho, eu quero você para causar um impacto na juventude brasileiro, isso ele me disse pelo telefone, aí eu fui para o Ministério da Educação, fiquei durante quatro anos. Foi aí que nasceu a Universidade do Acre. E eu fui ajudado pelo Kalume, que era governador. Mas eu devia ao Acre e sempre mantinha comigo o sentimento do nascimento”, relembrou o ex-ministro.

Jarbas faleceu em 2016, aos 96 anos de idade. Em sua carreira militar, ganhou o respeito de uns e a inimizade de outros. Pouco após a morte dele, a política acreana Marina Silva deixou um recado de despedida ao ex-ministro, relembrando as contribuições de Jarbas para o país, mesmo com ambos estando em lados opostos do espectro político. “Jarbas Passarinho será, certamente, lembrado por seu alinhamento com a ditadura militar. Mas também terá, na história, o destaque e a ressalva de suas evidentes qualidades intelectuais e habilidades políticas”, escreveu Marina na sua página do Facebook.

No livro Brava Gente Acreana, em entrevista, Passarinho deixou um aceno para o seu estado natal. “Se tiver que deixar uma mensagem para o Acre, eu diria o seguinte, à distância: tenho orgulho do que tem a minha terra natal, pois o Acre tem sido construído com todas as suas dificuldades políticas”.

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Com informações da obra “Brava Gente Acreana” – trabalho publicado pelo gabinete do senador Geraldo Mesquita Júnior. 

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