Polícia descobre túnel secreto e ‘mercado do crime’ em prisão do Paraguai dominada por rival de facções brasileiras

Descoberta aconteceu no âmbito da operação Veneratio, criada para retomar controle de presídio na capital Assunção. Local era controlado por narcotraficante acusado de chefiar facção com 7 mil membros

Operação no presídio de Tacumbú, em Assunção, no Paraguai, apreendeu bebidas, drogas e armas caseiras — Foto: Ministério da Justiça do Paraguai

Operação no presídio de Tacumbú, em Assunção, no Paraguai, apreendeu bebidas, drogas e armas caseiras — Foto: Ministério da Justiça do Paraguai

Policiais paraguaios acharam um túnel secreto, dinheiro e uma espécie de mercado em uma cela de uma prisão controlada pelo narcotraficante local Armando Javier Rotela. A descoberta aconteceu na quarta-feira (20), na operação Veneratio, criada para retomar o controle do presídio de Tacumbú, na capital Assunção.

Rotela é acusado de chefiar uma facção que administra o tráfico de drogas em centros urbanos do Paraguai. O grupo tem cerca de 7 mil membros e disputa o controle do crime na região com o Primeiro Comando da Capital (PCC) e o Comando Vermelho, afirmou à AFP o criminologista Juan Mertens.

A polícia informou ter encontrado cerca de 100 milhões de guaranis (equivalente a cerca de R$ 67 mil) embaixo da cama de um aliado de Rotela no presídio. Na cela, também foram encontradas drogas, bebidas alcoólicas e armas caseiras.

Escritório

O local foi encontrado após policiais encontrarem um bilhete para um agente penitenciário com um pedido para que ele escondesse o que estava na cela. Ao verificarem o local, eles descobriram um “escritório”, em que só pessoas da confiança do narcotraficante poderiam entrar.

Já no túnel, que seria usado em uma tentativa de fuga, também estavam máscaras, trituradores e ferramentas para escavar buracos e cortas barras de celas.

O ministro da Justiça do Paraguai, Ángel Barchini, acredita que a construção do túnel e o armazenamento das mercadorias foi executado com a ajuda de agentes penitenciários.

Itens apreendidos em operação realizada na quarta-feira (20), no presídio de Tacumbú, em Assunção, no Paraguai — Foto: Ministério da Justiça do Paraguai

Itens apreendidos em operação realizada na quarta-feira (20), no presídio de Tacumbú, em Assunção, no Paraguai — Foto: Ministério da Justiça do Paraguai

Operação Veneratio

Na segunda-feira (18), um policial e nove detentos morreram durante a intervenção na penitenciária de Tacambú. Outros 36 agentes e 25 presos ficaram feridos a tiros, disse o chefe da Polícia Nacional do Paraguai, delegado Carlos Benítez.

A ação também terminou com a transferência de Armando Javier Rotela para o presídio Viñascué, nos arredores de Assunção. Outros 700 detentos foram distribuídos provisoriamente para outras unidades militares.

A polícia encontrou 48 mulheres que viviam clandestinamente com seus companheiros no presídio.

“Rotela vivia com a mulher, que está grávida. Tinha todos os confortos e administrava um pequeno supermercado com todo tipo de mercadoria”, declarou o chefe da operação, delegado Nimio Cardozo.

O presídio Tacumbú registrou vários motins sob a liderança de Rotela. No último deles, em outubro, um detento morreu. A prisão abrigava quase 3 mil presos, o dobro de sua capacidade.

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