Em 9 anos, Acre registrou quase 20 casos suspeitos de síndrome congênita causada pelo vírus Zika

O vírus Zika (ZIKV) é um arbovírus da família Flaviviridae que pode ser transmitido ao ser humano por meio da picada da fêmea de mosquitos do gênero Aedes

Um novo boletim epidemiológico divulgado pelo Ministério da Saúde mostra que o Acre registrou quase 20 casos suspeitos de síndrome congênita associada à infecção pelo vírus Zika, nos últimos 9 anos.

O vírus Zika (ZIKV) é um arbovírus da família Flaviviridae que pode ser transmitido ao ser humano por meio da picada da fêmea de mosquitos do gênero Aedes, especialmente da espécie Aedes aegypti, havendo também transmissão vertical, sexual e por transfusão sanguínea. A infecção pelo ZIKV pode causar uma doença febril em que exantemas e dores articulares são sinais e sintomas bastante comuns, embora evidências apontem que aproximadamente 80% dos indivíduos infectados sejam assintomáticos.

No Acre, de 2015 a 2023, 65 notificações foram registradas/Foto: Reprodução

Quando essa infecção ocorre durante o período gestacional, é preconizado que a investigação dos casos suspeitos ocorra preferencialmente por critérios laboratoriais específicos. Além disso, em situações de cocirculação dos vírus da dengue e da Zika em um território, faz-se necessária a investigação por métodos diretos para detecção desses vírus.

No Acre, de 2015 a 2023, 65 notificações foram registradas e, desse total, apareceram 18 casos suspeitos. Quatro foram confirmados até o fim do ano passado.

De acordo com o boletim, no segundo semestre do ano de 2015 observou-se no Brasil um aumento expressivo no número de recém-nascidos diagnosticados com microcefalia em locais onde ocorria a circulação do ZIKV. Na época, o Brasil declarou Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional (Espin). Posteriormente, em fevereiro de 2016 a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou Emergência em Saúde Pública de Importância Internacional (Espii).

“Essa nova doença congênita, resultante da infecção pelo ZIKV no período gestacional, passou a ser denominada de síndrome congênita associada à infecção pelo vírus Zika (SCZ), que é caracterizada por um conjunto de anomalias congênitas, estruturais e funcionais, com repercussões no crescimento e no desenvolvimento dos embriões ou dos fetos expostos ao vírus durante a gestação”, destaca o documento.

Entre os anos de 2015 e a SE no 31 de 2023 foram notificados ao Ministério da Saúde 21.779 casos suspeitos de SCZ, dos quais 3.753 (17,2%) foram confirmados para alguma infecção congênita. Do total de casos confirmados, 1.858 (49,5%) foram classificados como casos de SCZ.

Pode-se observar que entre os 566 casos suspeitos notificados em 2023 a maioria era constituída de recémnascidos (413; 73%). Destes, um caso em natimorto foi confirmado para SCZ e sete casos de nascidos vivos foram confirmados para alguma das STORCH (sífilis, toxoplasmose, rubéola, citomegalovírus e herpes simplex), infecções congênitas também responsáveis pela ocorrência de anomalias. Destaca-se que 90% (508) dos casos notificados em 2023 ainda estão em investigação.

O diagnóstico de um caso de SCZ é complexo e pode ocorrer no período gestacional, no parto ou no período pós-natal. Alterações neuropsicomotoras podem ser perceptíveis e diagnosticadas a qualquer momento após o nascimento e, por muitas vezes, durante o desenvolvimento da criança, o que geralmente requer a realização de exames de média e alta complexidade. Isso pode explicar, em parte, o prolongado tempo para encerramento de uma parcela importante dos casos suspeitos. Vale destacar, contudo, que um alto percentual de casos em investigação compromete o conhecimento fidedigno do cenário epidemiológico da SCZ no Brasil.

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