Jovem trans se alista e sonha servir o Exército: “Não posso ter medo”

Ele e Heittor participaram de mutirão para jovens trans

O sonho de Allan Guimarães, 18, é ser militar pelo Exército Brasileiro. Ele é um homem trans que conseguiu a retificação de gênero no ano passado e aproveitou o serviço obrigatório militar para se alistar nas Forças Armadas.

No dia da visibilidade trans, a Defensoria Pública do Distrito Federal organizou o primeiro mutirão específico para homens trans, que ocorreu na segunda-feira (29/1) atendendo 30 pessoas.

“Eu achei bonito, acho que uma desconstrução que ele teve até ele com ele mesmo poder falar que é isso mesmo que quer. Então acho muito bonito da parte dele correr atrás de um sonho”, reforçou Heittor.

Allan contou que todos os dias que sai de casa tem medo do que pode acontecer e que se apega a oração. “Se a gente for deixar de viver as nossas coisas pelo medo, a gente nem vive”, destacou.

O medo de Allan é também de Heittor e não ocorre à toa. Em 2023, 155 pessoas trans morreram no país, sendo 145 assassinatos e 10 suicídios. Os números são do Dossiê: assassinatos e violências contra travestis e trasexuais brasileiras em 2023, divulgado da Associação Nacional de Travestis e Transexuais do Brasil (Antra)

Conquista de espaço

A história de Allan e Heittor já tinha sido contada pelo Metrópolesquando eles relataram alívio com um mutirão trans. A sensação de conforto foi causada exatamente porque houve um acolhimento com as especificidades de cada um. No entanto, os jovens relataram a angústia ao ler comentários maldosos nas redes sociais com a publicação.

“As pessoas têm todo aquele ódio com a gente”, disse Allan. “Nós somos pessoas normais, querendo viver a nossa vida e conquistar nossos espaços, sendo na política, na faculdade, no trabalho, na questão militar também.”

Mutirão

1º Mutirão de Alistamento Militar promovido pela Defensoria Pública do Distrito Federal (DPDF) para Homens Trans e Pessoas Transmasculinas promoveu 30 atendimentos na segunda-feira (29/1), Dia Nacional da Visibilidade Trans. A atividade ocorreu por meio da Junta do Serviço Militar da Administração Regional do Plano Piloto.

Em 2023, mais de 300 pessoas conquistaram o reconhecimento de documentos e certidões com requalificação por meio de audiências realizadas pelo Núcleo de Assistência Jurídica de Promoção e Defesa dos Direitos Humanos da DPDF (NDH/DPDF), em parceria com o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) e o Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT).

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