Policial que matou jovem a tiros na Expoacre é ouvido em audiência no Tribunal do Júri

Audiência é a preparação para o julgamento do acusado, que ainda não tem data definida; Raimundo Nonato Veloso da Silva, o acusado, já foi diretor do presídio de Senador Guiomard

O policial penal Raimundo Nonato Veloso da Silva, que está preso acusado de matar o jovem Wesley Santos da Silva, de 20 anos, com um tiro em agosto do ano passado, no último dia da Expoacre de 2023, será ouvido nesta quarta-feira (3), na Vara do Tribunal do Júri Popular, na Cidade da Justiça, em Rio Branco (AC). Esta é uma das audiências preparatórias de seu julgamento em júri popular, cuja data ainda não foi definida.

Veloso está preso a pedido do Ministério Público do Acre (MP-AC) depois de uma série de idas e vindas na Justiça em relação à liberdade provisória e revogação da medida. Em outubro do ano passado, o MP-AC conseguiu a revogação de liberdade provisória do policial, que havia sido concedida durante a audiência de custódia. Na época, foi decretada a prisão preventiva.

No último dia 30 de outubro, após a decisão da Câmara Criminal do Tribunal de Justiça que revogou a liberdade provisória do policial, a defesa informou que entrou com um habeas corpus no Superior Tribunal de Justiça (STJ), mas a medida não foi concedida.

Uma das testemunhas do crime é a namorada da vítima, Rita de Cássia, de 18 anos. Ela também foi baleada pelo policial penal.

Raimundo Nonato será ouvido nesta quarta-feira/Foto: Reprodução

Silva está denunciado por homicídio, tentativa de feminicídio, além de importunação sexual contra a jovem. O policial foi diretor do presídio de Senador Guiomard. Ele foi foi preso em flagrante mas foi solto em audiência de custódia, realizada no dia seguinte ao crime, mas o MP-AC conseguiu revogar a medida. A Câmara Criminal decidiu, por unanimidade, que ele deve responder ao processo em prisão preventiva. Na decisão, a desembargadora relatora, Denise Bonfim, apontou que as condutas do acusado são “gravíssimas” e causaram a morte de uma das vítimas, abalando assim a ordem pública.

“Em que pese ser o recorrido primário tecnicamente, as condutas praticadas pelo mesmo ensejaram a morte de uma das vítimas e a tentativa de homicídio contra outra, tudo num contexto onde aquele estava ingerindo bebidas alcoólicas, de porte de arma de fogo (por ser policial penal), tendo efetivado disparos no decorrer de uma festa e em local com aglomerado de pessoas”, disse a desembargadora em trecho de sua decisão.

De acordo com a denúncia, Wesley Santos da Silva foi baleado e morto no dia em que comemorava seu aniversário de 20 anos. O crime ocorreu quando o jovem estava na Feira Agropecuária na companhia da namorada.

A Polícia Militar (PM-AC) informou na época que uma equipe tinha ido ao bar para finalizar a festa que ocorria no estabelecimento porque já havia ultrapassado o horário de funcionamento. Foi quando, na saída das pessoas, ouviu-se os disparos e se formou um tumulto. Segundo a PM, quando os policiais chegaram ao local, Wesley e Rita já estavam no chão, baleados.

Em depoimento para a polícia, quando ainda estava no hospital, a namorada dele contou que Raimundo Nonato estava muito bêbado e estava se jogando em cima de mulheres e passando a mão em suas partes intimas. E que, em um momento, ele tentou se esfregar nela e se jogou sobre seu corpo, ela o empurrou. Mesmo após o empurrão, Rita disse que o policial continuou a importunando e foi aí que ela o agrediu pela primeira vez.

“Na segunda vez que ele se jogou, dei um tapa nele. Quando ele foi retirado, outra mulher desconhecida que estava na festa disse que ele tinha feito a mesma coisa”, relatou no depoimento. Quando o namorado de Rita interviu, houve o tiroteio. O policial puxou a arma e disparou pelo menos cinco ou seis vezes, segundo a jovem. Ela contou que ao sentir o primeiro tiro tentou proteger o namorado. Ela foi ferida na coxa, tornozelo e também no pé. O policial penal e tio dele, que o acompanhava, foram contidos por populares e quase linchados, segundo a PM.

Com a pronuncia do caso e aceitação pela Justiça, o acusado virou réu e deve ir à julgamento pelo Tribunal do Júri Popular, a ser marcado a partir das audiências de hoje.

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